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Pobre chefa!

A chefe do Executivo anda meio velha, coitada. O semblante carregado...

Por Rodolfo de Souza
30/07/2015 | 07:00
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A chefe do Executivo anda meio velha, coitada. O semblante carregado denuncia a excessiva carga tributária e demais cargas que lhe pesam nos ombros. Dá, inclusive, a nítida impressão de estar amargamente arrependida de um dia ter se lançado de cabeça na arriscada aventura que é a presidência desta ilha da fantasia.

Trata-se, afinal, de um lugar repleto de gente má navegando à sua volta em embarcações partidárias que querem tirar partido de tudo o que acontece na terra, e se apropriar de sua riqueza que ainda é grande, embora, propensa à bancarrota em curto espaço de tempo, a continuar se esvaindo como se estivesse numa boa e velha adutora paulistana, rachada. Por isso, é preciso correr para garantir o quinhão. – argumentam os gatunos. Deve ser isso que os impele à corrida desenfreada para botar a mão no rico dinheirinho dos nativos, imagino. É preciso mesmo aproveitar o fato de ainda ser muito fácil roubar seu tesouro, uma vez que seus baús de moedas não oferecem lá muita segurança e ainda contam com o sono da lei que custa a perceber a mão leve subtraindo as divisas da casa.

Mas que é preciso um bode para expiar, lá isso é. Até porque, a economia do lugar começa a perder as forças por causa da assustadora legião de parasitas a infestarem seu pobre organismo e, quando isso acontece, um culpado deve subir ao cadafalso e colocar a corda no pescoço. Além do mais, se fosse possível apontar todos os piratas da ilha, por certo, que não haveria arame suficiente para trancafiá-los todos. A horda de demônios é, sem dúvida, muito maior do que o inferno. Então, coloquemos no front uma pessoa para arcar com o prejuízo e depois pousemos no travesseiro a cabeça tranquila para o merecido sono dos justos. É o discurso do olho de vidro e da perna de pau, personagem tão comum nesta ilha Tupinambá.

E é ali, amigo leitor, na imensa terra de tribos variadas que o dinheiro farto é distribuído em aleluia de notas entre os caciques que são muitos e vorazes. Em cada repartição de qualquer uma delas, é sempre possível colocar em prática o salutar exercício do ganho ligeiro e sem peso na consciência.

Culpemos, pois, alguém! Por que não a presidente? Assim, se algum malvado super-herói Marvel se meter em nosso caminho com a descabida intenção de cercear nossa alegria, habemus culpadus – reza a cartilha da corrupção desenfreada.

Lá na escola, desde tenra idade, o jovem aprende que o regime de governo de sua ilha de felicidade, um tanto maior do que a da família Castro, é o democrático. Forma de governo em que um presidente conduz a nação em parceria com congresso e senado. E, se a coisa vai bem, aprende o garoto, felicitações a todos. Se vai mal, a culpa é inteiramente atribuída a quem vai à frente do executivo, até porque, a responsabilidade pela má administração tende a ser pulverizada entre as centenas de dirigentes que abusam da retórica ao dizer em uníssono que a culpa não é sua, passando para o chefe maior a batata quente, pois é aquele que se isola na linha de frente. Em nosso caso, uma mulher, aqui chamada presidenta, termo, aliás, um tanto sem graça para designar a chefe da nação. Ou chefa, sei lá!

Que fique clara, todavia, a intenção nenhuma desta ferramenta, de levantar bandeira em defesa de quem quer que seja que habite este teatro de cores tão peculiares.

Mesmo assim, é bom ficar de olhos atentos para os que praticam a ciência da corrupção, tão avançada neste país, e que deixa para uma só pessoa a responsabilidade por tudo de ruim que ocorre e tem ocorrido nesta pátria de meu Deus. Amém.

* Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: souza.rodolfo@hotmail.com. 




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