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Acampados da GM entregam carta pedindo ‘reflexão’ à diretoria

Prefeitura nega banheiro químico, pois não sabe quanto ato pode durar

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
23/07/2015 | 07:22
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Nario Barbosa/DGABC


Os trabalhadores da General Motors que estão acampados há dez dias na calçada da fábrica em São Caetano entregaram ontem, conforme o Diário antecipou, carta à direção da montadora.

Os operários, que protestam contra a demissão dos 419 funcionários que não tiveram o lay-off (suspensão do contrato de trabalho) renovado no início do mês, afirmam no texto que compreendem a dificuldade da conjuntura econômica, mas que também têm ciência dos lucros recordes obtidos nos últimos anos e transferidos para sua matriz, nos Estados Unidos.

“Chamamos a GM a uma reflexão. Nós, trabalhadores, não somos peças de reposição que, depois de quebrada ou danificada pelo processo produtivo, simplesmente se troca por outra mais nova no mercado de força de trabalho, jogando-a na lata de lixo. Os trabalhadores que possuem restrições médicas são seres humanos e, atrás de si, vêm os filhos, a esposa, os sentimentos, as dívidas e, ainda, muitos sonhos para uma vida digna e cheia de conquistas para toda a família e a sociedade. O desemprego é uma situação que destrói tudo que se construiu e, pior, destrói as esperanças de um mundo melhor”, diz trecho da carta. Os acampados pedem para ser atendidos e discutir a situação dos profissionais demitidos.

BANHEIRO QUÍMICO - Desde que as barracas foram montadas na calçada da GM, os operários pediram à Prefeitura de São Caetano a instalação de um banheiro químico. O que não foi concedido, segundo o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), porque a manifestação é eventual. “A Prefeitura não instalou banheiro químico para os manifestantes porque, às vezes, o movimento é relâmpago, não sabemos quanto tempo pode durar”, disse. Ele deixou claro também que a administração costuma fornecer banheiro químico somente quando existe algum evento na cidade.

Como sátira ao pleito negado, os acampados produziram em papelão uma porta de banheiro químico com os dizeres ‘doado pelo prefeito’. Segundo João Sipriano, o Magrão, um dos organizadores do ato, realizado pela chapa de oposição ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, eles utilizam o banheiro da portaria, até às 17h e, à noite, pedem para usar os dos bares. Na sexta-feira, às 13h30, haverá nova manifestação em frente à GM, organizada pelos acampados, que pode resultar em caminhada pela Avenida Goiás.

(Colaborou Yago Delbuoni)




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