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Moro dá 'nova oportunidade' para Odebrecht eplicar relações com doleiro
07/07/2015 | 17:54
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O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, deu prazo até 13 de julho, segunda-feira próxima, para que a Odebrecht explique qual a relação do doleiro foragido Bernardo Freiburghaus com a empreiteira diante da revelação de que ele manteve 135 contatos telefônicos com Rogério Araújo, diretor da empresa, afastado do cargo depois que foi preso em 19 de junho. Araújo é apontado como um dos responsáveis pelos pagamentos de propinas no esquema de cartel e corrupção na Petrobras.

"Resolvo a bem da ampla defesa, antes de decidir sobre o novo pedido de prisão preventiva, conceder nova oportunidade à Odebrecht e aos seus executivos", estabeleceu Moro, em despacho desta terça-feira, 7, em que analisa parecer do Ministério Público Federal pela necessidade de manutenção da custódia preventiva dos executivos e do presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht.

Documentos anexados pela força-tarefa da Lava Jato aos autos da investigação na segunda-feira, 6, revelam os contatos diretos entre Araújo e Freiburghaus, entre 2010 e 2013, e depósitos na Suíça em contas do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa (Abastecimento).

Moro alertou que no dia 2 de julho deu prazo para que a Odebrecht e a defesa dos executivos se manifestassem e esclarecessem a suposta relação da empresa com o operador de propinas Freiburghaus. Segundo o magistrado, porém, a empresa não se manifestou. "Isso ainda não foi feito, muito embora a Odebrecht e a defesa dos executivos tenha inclusive peticionado nos autos sobre outras questões. Resolvo a bem da ampla defesa, antes de decidir sobre o novo pedido de prisão preventiva, conceder nova oportunidade à Odebrecht e aos seus executivos."

O juiz da Lava Jato quer que a Odebrecht esclareça não só as transferências apontadas pela Procuradoria da República, supostamente relacionadas à empresa, como também o motivo dos contatos telefônicos entre o executivo Rogério Araújo e o operador de propinas, que reside na Suíça e é dado formalmente como foragido pelo Ministério Público Federal.

"A Odebrecht nunca admitiu, porém, qualquer relação com Bernardo Freiburghaus, atualmente foragido na Suiça", assinala o juiz. "Na data de ontem, dia 6, o MPF apresentou nos autos resultado de quebra de sigilo telefônico decretado judicialmente que revela a existência de dezenas de ligações telefônicas entre Bernardo Freiburghaus e Rogério Santos de Araújo, diretor da Odebrecht."

Moro observa que a análise realizada pelos procuradores da força-tarefa aponta correlação entre as datas das ligações e as datas dos depósitos efetuados nas contas de Paulo Roberto Costa - este admitiu, em delação premiada, ter recebido na Suíça US$ 23 milhões em propinas da Odebrecht, via Freiburghaus.

Com base nesses novos dados, a Procuradoria pediu nova decretação da prisão preventiva dos executivos da Odebrecht. No documento entregue nesta segunda, 6, ao juiz, a força-tarefa assinala: "Deste modo, requer o Ministério Público Federal, em face dos novos elementos ora apontados, seja novamente analisada e reforçada a decisão que determinou a prisão preventiva de Rogério Araújo, Marcelo Bahia Odebrecht e Márcio Faria, com suporte no artigo 312 do Código de Processo Penal, eis que a decisão encontra amparo na necessidade de garantir a adequada instrução criminal, além de assegurar a aplicação da lei penal e a própria preservação da ordem econômica, dada a magnitude dos valores envolvidos, além de evitar a reiteração delituosa."

A Odebrecht tem nega reiteradamente envolvimento com o esquema de corrupção e cartel na Petrobras. A empreiteira também nega relações com o doleiro foragido Bernardo Freiburghaus e afirma taxativamente que jamais pagou propinas a ex-dirigentes da Petrobras.




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