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Segmento de equipamentos para logística tem queda de até 40%

Diante da retração na indústria, diminui demanda por movimentação de cargas

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
01/07/2015 | 07:03
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Divulgação


As empresas que fornecem equipamentos para o setor de logística tiveram queda de até 40% no faturamento no primeiro semestre de 2015 na comparação com o mesmo período do ano passado. A retração na indústria provoca queda na demanda do segmento, já que, com nível menor de produção no País, diminui também o volume de cargas em circulação.

As paralisações nas montadoras de automóveis do Grande ABC contribuem para o cenário negativo entre os fabricantes de máquinas para movimentação de mercadorias. Para se ter uma ideia, a Still, que fabrica empilhadeiras e paleteiras elétricas, concentra cerca de 60% das vendas no mercado da região. A empresa possui fábrica em Indaiatuba, no Interior, mas mantém desde 2004 filial em São Bernardo responsável pela venda e aluguel de máquinas e de peças, além dos serviços de manutenção preventiva e distribuição. Trabalham na unidade cerca de 220 pessoas. Segundo a diretora-geral da companhia no Brasil, Adriana Firmo, o Grande ABC foi escolhido para sediar as instalações devido à proximidade com o setor produtivo.

A executiva demonstra pouco otimismo em relação à economia do País e às perspectivas para os próximos meses. “A parada nos investimentos nos preocupa. O mercado de empilhadeiras tem forte relação com o de caminhões. Se não vende caminhões, não tem movimentação de carga. Então, reduz nossa demanda”, comenta.

Já a Rodaco, fabricante de pneus de alta performance para uso fora de estradas, teve redução no total de vendas em aproximadamente 30% ante o ano passado, segundo Hernane Faria, gerente de marketing. Fundada na Argentina, a empresa tem fábrica na região metropolitana de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e possui centro de distribuição e vendas em Santo André. “Além da indústria, sentimos também a queda no desempenho da construção civil, pois trabalhamos com pneus para máquinas utilizadas em obras.”

Faria informa que o Grande ABC também é forte na carteira de clientes da companhia. Cerca de 30% das vendas no Estado são para empresas das sete cidades.

O engenheiro Jorge Ferrari, proprietário da Zapi do Brasil, localizada em Santo André, afirma que o faturamento teve decréscimo de 40% neste ano. A empresa trabalha com importação de controladores de velocidades e acessórios para veículos eletrônicos destinados à logística. “O carro-chefe é a indústria automobilística. Quase 100% de nosso clientes estão no Grande ABC. Então, também somos afetados”, informa.

CONTRAMÃO - Apesar da crise, a Düren, fabricante de dispositivos para movimentação de cargas nos armazéns, com sede em Mauá, registrou aumento na demanda em junho. “Como muitas montadoras estão paralisadas, as direções nos chamam para fazer manutenção nos equipamentos”, comenta o supervisor de orçamentos, Maurício Rocha. Apesar do crescimento no volume de serviços, a empresa registrou queda de aproximadamente 15% na receita neste ano. Entretanto, a perspectiva é de crescimento até o fim de 2015. “Inclusive, já estamos contratando mais funcionários”, acrescenta Rocha. A empresa possui cerca de 60 funcionários e opera desde 1996.

INCENTIVO - O mercado de movimentação de cargas espera que o PIL (Programa de Investimento em Logística), cuja nova etapa foi anunciada em junho pelo governo federal, comece a surtir efeitos em, no mínimo, dois anos. O pacote prevê que sejam aplicados R$ 198,4 bilhões em infraestrutura, sendo R$ 69,2 bilhões para o período entre 2015 e 2018.

“O programa tem o propósito de fazer a economia andar, mas, como depende de obras físicas, não apresenta resultados em pouco tempo”, comenta Reinaldo Moura, diretor da consultoria Iman, especializada no segmento.

As maiores empresas do setor estão reunidas desde ontem no Transamérica Expo Center, na Capital, para a terceira edição da feira CeMAT South America, que vai até sexta-feira.

Para Valério Regente, organizador do evento, a maior necessidade das empresas é com a chamada intralogística, ou seja, o fluxo de mercadorias dentro dos galpões. “Não adianta cobrar do governo estradas ótimas se o caminhão fica parado quatro horas dentro de um armazém”, explica.

Por esse motivo, um dos focos é a apresentação de tecnologias para automação de processos. “Em média, a carga fica até 30% do tempo parada dentro do armazém, quando o ideal seria que ficasse a metade disso”, diz. Ele explica que o aumento na quantidade de mercadorias diferentes também gera demanda por mais organização interna.
 




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