A degradação do Tamanduateí, um dos rios mais importantes do Estado, não se restringe somente ao seu curso. Poluentes e lixo que correm por suas águas colaboram para a piora do Rio Tietê, onde o Tamanduateí deságua, em frente ao Parque Anhembi, na Capital. Foi na foz, em estado lastimável, que a etapa de coleta de água da Expedição Tamanduateí – ação da USCS (Universidade de São Caetano), em parceria com o Diário, chegou ao fim ontem. A iniciativa teve início no fim de maio, sob coordenação da bióloga e professora da USCS Marta Ângela Marcondes.

O Grande ABC tem grande parcela de contribuição negativa, já que nos 35 quilômetros do Tamanduateí estão presentes, além de território na Capital, as cidades de Mauá (município em que ele nasce), Santo André e São Caetano. No entanto, toda a região tem influência. “A bacia do Tamanduateí recebe rios de São Bernardo, Diadema, São Paulo, todos contribuindo para matar um pouco mais o Tietê”, ressaltou Marta.

No entorno do Mercado Municipal, a poucos quilômetros da foz, quanta diferença do cenário que havia no século passado, com direito a porto e embarcações. Agora, sujeira e cascata de esgoto compõem a paisagem.

A situação vista na penúltima parada, em frente à Estação Armênia do Metrô, já era um prenúncio do que a pesquisadora encontraria na foz: lixo flutuando, água com movimento praticamente nulo e camada espessa de gordura. Ao colocar o reagente para analisar o índice de oxigênio dissolvido, o que já era de se esperar: zero.

Na parada final, onde as águas do Tamanduateí e do Tietê se encontram, todo o descaso que o rio sofreu em seu percurso auxilia o assoreamento de uma parte dele. Do lixo visível, até sofá marca presença em suas margens. “Estamos trazendo para a foz resíduos e destruição. Infelizmente, essa tem sido a contribuição do Grande ABC para o Tietê”, lamentou a professora.

Ações do poder público voltadas para o saneamento, comprometimento das empresas com a sustentabilidade e consciência da população referente à preservação, são itens necessários para a remissão dos danos causados. “O Tamanduateí precisa ser encarado com outros olhos e essa expedição trouxe visibilidade para a gente discutir isso”, frisou Marta.

As amostras de água do último trecho do rio já estão sendo analisadas em laboratório e o resultado será publicado nos próximos dias pelo Diário.