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Prefeitura desiste de intervir em encontro

Não houve acordo sobre realização de batalha de hip hop em S.Bernardo; MP e PM são avisados

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
24/06/2015 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


A Prefeitura de São Bernardo entregou ontem aos organizadores do encontro de jovens Batalha da Matrix, na Praça da Matriz, no Centro, notificação que determina a responsabilidade do grupo caso haja brigas, tráfico de drogas e depredação durante a atividade. O documento, entregue pela GCM (Guarda Civil Municipal), encerra as negociações da administração municipal com o grupo, que realiza o evento há dois anos, gerando reclamações da população do entorno.

Conforme a Prefeitura, a notificação será emitida à Polícia Militar e ao Ministério Público, deixando claro que, por parte do Executivo, todas as providências possíveis para resolver o impasse entre o evento e a população foram tomadas.

O encontro é realizado semanalmente às terças-feiras e reúne cerca de 800 jovens. A atração principal é uma batalha de MCs, porém, também há oficina de estêncil, apresentação de maracatu e até mesmo pregação de pastor. Skatistas e ciclistas fazem manobras. O resultado é uma grande concentração de jovens de diferentes classes e idades na praça.

A Prefeitura disse ter realizado tratativas junto às secretarias de Governo, Cultura e Coordenadoria de Ações para Juventude no sentido de propor a promoção do evento no Parque da Esportes Radicais Città di Maróstica. Segundo a administração, o grupo não aceitou a proposta, que visava a realização de três eventos no parque e apenas um na praça.

Conforme explicou um dos organizadores, Lucas Fonseca do Vale, 23 anos, não há interesse em realizar o evento da forma proposta. “Aqui estamos na praça, então, o morador de rua, a prostituta e até mesmo o usuário de drogas se sentem à vontade para participar. Em evento da Prefeitura, com revista, essas pessoas seriam barradas. A gente prefere ser independente.”

Conforme o Executivo, em reunião agendada pelo Ministério Público para tratar do evento, os organizadores não compareceram. “Todos estavam trabalhando. Nunca nenhum dos moradores nem o padre vieram reclamar, a gente só sabia disso porque a Prefeitura dizia que tinham abaixo-assinados”, disse Vale.

O organizador não nega que haja problemas como consumo de drogas e pichação. Porém, afirma que o evento cresceu muito e a equipe não consegue se responsabilizar por todos. “A droga é um problema social, tem em todo lugar. Pensando nisso, propusemos que a Prefeitura colocasse pessoas do Conselho Tutelar para orientar os jovens. Também pedimos banheiros químicos e duas viaturas da polícia para abordar de modo não opressivo e acabar com os focos do problema. Tudo foi negado.”

A organização afirmou que foram ao menos seis reuniões desde 2014. Sobre o documento, disseram que estão cientes dos problemas, porém, alguém precisa se responsabilizar pela segurança dos frequentadores. O próximo passo é procurar o prefeito, que, segundo a organização, não esteve presente nas reuniões, para apresentar as propostas. Para os jovens, não há nenhuma possibilidade de tirar o evento da praça. “Estamos redigindo uma proposta para que tudo isso vire uma grande feira cultural. Não há entendimento sobre o que a gente quer, que é levar a cultura do hip hop a todos”, disse Felipe Oliveira, 28 anos, apoiador e frequentador da batalha. 




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