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Dalai Lama rejeita diálogo entre ciência e budismo
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
17/09/2011 | 07:30
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Andréa Iseki/DGABC


O segundo dia de visita de Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, ao Brasil foi marcado por amplo debate entre o líder budista tibetano e a comunidade científica. Curiosamente, o monge - condecorado com o Prêmio Nobel da Paz em 1989 e promotor de várias iniciativas em torno do diálogo intercultural e multidisciplinar - rejeitou a convergência entre ciência e religião durante simpósio que trazia como tema justamente a discussão dos estados de consciência e o encontro entre o saber tradicional e o científico.

"Acredito que não deveríamos misturar a pesquisa científica, a crença religiosa e a parte ética. Deveriam ser coisas separadas", defendeu o líder espiritual de 76 anos antes de abrir um parêntese: "Dentro do budismo, a gente se ocupa com o treinamento da mente e, por isso, é importante compreender o seu funcionamento".

O Dalai Lama chegou quinta-feira a São Paulo, para participar de um ciclo de palestras organizadas pela Associação Palas Athena no World Trade Center paulistano. A primeira exposição teve como tema A Nova Consciência nos Negócios - Valores para um Mundo Sustentável.

Ontem, além discutir estados de consciência com os neuropsicólogos Adrian Owen (da Universidade de Cambridge, na Inglaterra) e Caroline Schnakers (da Universidade de Liége, na Bélgica), o líder espiritual tibetano respondeu a cinco perguntas sorteadas durante entrevista coletiva à imprensa e participou de painel sobre Práticas Contemplativas, Cérebro e Emoções, explanado por mestres da USP, do King's College de Londres e da Emory University, nos Estados Unidos.

Hoje, o Dalai Lama ministrará palestra aberta ao público sobre Convivência Responsável e Solidária no Parque de Convenções do Anhembi, das 9h30 às 11h30.

Assuntos como tolerância religiosa e a importância da compaixão para a paz mundial deverão ser abordados. "Todas as religiões pregam a mesma mensagem de compaixão, disciplina e perdão. Se houvesse apenas uma religião no mundo, ela não iria funcionar, porque as pessoas têm conformações mentais diferentes", disse o monge ontem à plateia, formada por personalidades como o rabino Henri Sobel. E completou: "É claro que dentro da religião vamos encontrar a prece, a meditação, mas a verdadeira prática religiosa ocorre quando você a incorpora no dia a dia, mantendo sua mente desperta de forma a lembrar que tem uma crença antes de se deixar levar pela raiva, apego ou medo".

Seu último compromisso em solo verde-amarelo será o encontro com religiosos, hoje, das 13h30 às 15h30, no World Trade Center (Avenida das Nações Unidas, 12.551, Brooklin Novo, São Paulo). Esta é a quarta vez que Tenzin Gyatso vem ao Brasil. O País é sua última escala na América Latina após visitas ao México e à Argentina, onde declarou estar contente por delegar suas atividades políticas a Lobsang Sangay, recém-eleito chefe do Governo Tibetano no Exílio.




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