Política Titulo Editorial
Desidratação de empregos
Do Diário do Grande ABC
20/06/2015 | 09:11
Compartilhar notícia


Nova estatística sobre ocupação formal é divulgada, desta vez pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e mais uma vez a notícia enche de desalento o Grande ABC. Em maio, mostra cadastro nacional de empregados e desempregados, as empresas instaladas nas sete cidades eliminaram 3.661 postos. A região chega ao oitavo mês consecutivo em que o saldo entre admissões e demissões é negativo. A indústria foi, como está se tornando praxe, a principal vilã da história, com a extinção de 1.903 vagas.

Ao noticiário negativo, some-se a desesperança dos analistas em dias melhores ainda em 2015. O pessimismo é o mote do economista Ricardo Baliestiero, ouvido pela reportagem deste Diário: “O saldo de empregos neste ano será totalmente negativo, sem qualquer possibilidade de reação, apenas variações sazonais”. O que fazer?

A inércia é generalizada. Não há nenhuma reação à crise. O País, o Estado e os municípios estão assistindo calados à desidratação do estoque de empregados. Ouvem-se lamentos em deserto de ideias e propostas para estancar a sangria promovida nos departamentos de recursos humanos. Até quando o Brasil aguenta?

A verdade é que as causas da evaporação do emprego, no Grande ABC e também no País, são conhecidas há bastante tempo. Tudo começou com o esfriamento da economia e a retração do comércio. Sem consumidores enchendo as lojas, a produção entra em declínio. Não por outro motivo é a indústria da transformação que aparece com frequência protagonizando os anúncios de cortes de trabalhadores. Faltam crédito e confiança e abundam juros extorsivos e inflação fora do controle. Como impulsionar as compras?

Não será, certamente, com a política econômica recessiva adotada pela equipe fazendária. Se o ajuste fiscal é necessário, como este jornal entende que é, talvez o governo esteja pecando na dosagem. Embora seja lição básica da Medicina, será que os doutores que cuidam da saúde financeira do Brasil sabem que ao ministrar quantia excessiva de remédio podem colocar em risco a vida do paciente? Parece que não.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;