Economia Titulo Empregos
Região corta 3.661
vagas em maio

Saldo entre admissões e demissões
é negativo pelo oitavo mês consecutivo

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/06/2015 | 07:04
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Ari Paleta/DGABC:


As empresas do Grande ABC fecharam 3.661 postos de trabalho com carteira assinada em maio, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego. É o oitavo mês consecutivo que o saldo (diferença entre as admissões e as demissões) da região é negativo.

O resultado também é o pior para maio desde, pelo menos, 2008. No mesmo período do ano passado, foram geradas 1.451 vagas formais.

Na soma dos cinco primeiros meses deste ano, o saldo é de -12.433. Nos cinco primeiros meses de 2014, foram cortados 1.621 postos de trabalho. No acumulado de 12 meses, o deficit chega a 23.658.

Seguindo a tendência dos meses anteriores, a indústria puxou os resultados negativos, com redução de 1.903 vagas – o equivalente a 52% do total. Em seguida está a construção civil, que eliminou 1.252 vagas (34,2%). Os setores de comércio e indústria, juntos, cortaram 466 trabalhadores (12,7%).

Em abril, a construção havia dado um respiro, com a geração de seis vagas. A diretora-adjunta da regional de Santo André do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Rosana Carnevalli, explica que o mau desempenho do setor está atrelado à redução no número de lançamentos de empreendimentos. “Geralmente, as construções demoram de 24 a 36 meses para serem concluídas. Portanto, as obras que estavam em andamento em abril ainda eram um residual do que foi lançado entre 2012 e 2013. Acontece que elas estão terminando e não estão sendo iniciadas outras.”

Sobre a redução nos empregos na indústria, o diretor-titular da regional de São Bernardo do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Hitoshi Hyodo relaciona o resultado ao ajuste fiscal que está sendo feito pela equipe econômica do governo. “Esse conjunto de ações envolve restrição ao crédito, o que inibe o consumo, especialmente, de produtos industrializados de maior valor. Com isso, a produção cai e o emprego também.”

Para o empresário, o maior risco é enfrentado pelas indústrias de pequeno e médio porte, especialmente as do setor de autopeças. “As empresas grandes conseguem encarar a crise. Mas as menores não vão aguentar mais seis a 12 meses. Isso irá gerar mais desemprego e fará com que a retomada do crescimento seja ainda mais lenta.”

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, considera que a retração na indústria provoca o desemprego em outros segmentos, como comércio e serviços. “Essa situação é reflexo do que acontece em todo o País. Mas, como o ABC é fortemente industrial, o impacto é mais perceptível.” Ele demonstra pessimismo em relação ao comportamento da economia em 2015. “O saldo de empregos neste ano será totalmente negativo, sem qualquer possibilidade de reação, apenas variações sazonais.”

BRASIL - Na média nacional, o Caged aponta saldo negativo de 115,5 mil postos de trabalho em maio – o pior resultado para o mês desde 1992. Nos cinco primeiros meses do ano, 243,9 mil vagas formais foram eliminadas, enquanto, no acumulado de 12 meses, o número chega a 452,8 mil. Assim como no Grande ABC, a indústria foi responsável por 52% dos cortes.

No Estado, o saldo negativo foi de 23 mil postos em maio. A participação do setor industrial nessas eliminações foi ainda maior do que na região, com 67,6%. 




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