Política Titulo Redução tímida
Lauro engaveta promessa de cortar 30% de comissionados

Prefeito de Diadema ultrapassa metade de mandato
sem cumprir um de seus principais compromissos

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
01/06/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


À frente do Paço de Diadema mais da metade de seu mandato, o prefeito Lauro Michels (PV) ignorou uma de suas principais promessas de campanha de 2012: corte de 30% no quadro de funcionários comissionados na administração, no comparativo com seu antecessor, Mário Reali (PT).

Depois de incisivos discursos pelas ruas de Diadema, acusando o rival de abuso quanto à nomeação dos cargos de confiança, Lauro apresenta redução tímida, de 10%, na equiparação com o petista.

Segundo dados da administração, em julho de 2012, a Prefeitura tinha em seu quadro de funcionários 315 comissionados e 42 servidores de carreira em cargo de comissão – somados, havia 357 postos apadrinhados ocupados. Já em maio de 2015, o número de indicados diretos caiu para 255 e os servidores de carreira em cargo de comissão totalizavam 65 profissionais – total de 320.

Foi justamente as nomeações de Lauro neste mês que chamaram a atenção dos oposicionistas. Para Josa Queiroz (PT), além do chefe do Executivo desrespeitar a própria promessa, a principal infração foi a nomeação de 15 funcionários, entre os dias 9 e 10, em funções de chefia, espalhados por diferentes setores da administração.

“O Lauro faz o papel de fala que eu te escuto. Disse durante a campanha o que o munícipe queria ouvir, mas após isso revelou sua faceta. Esses funcionários, em sua grande maioria, não têm conhecimentos de serviços, são ineficientes e apenas atendem a acordos políticos. Isso vem custando à Prefeitura perda de recursos em convênios em esferas estadual e federal”, atacou o petista, exemplificando a nomeação do ex-vereador Antônio Bonfim de Melo, o Titio, para o cargo de chefe de programa de Finanças.

O oposicionista lembrou a greve do servidores, que cruzaram os braços no município por 13 dias em março, diante do impasse quanto à proposta de reajuste salarial. “Ou mentiu lá atrás ou agora. Desgoverno total”, considerou, ao citar que Lauro, à época, alegava falta de recursos para conceder reajuste.

Servidores públicos encerraram greve no município depois de Lauro ofertar proposta de acréscimo nos vencimentos em 7,89%, referente aos índices inflacionários, divididos em seis vezes.

Outra promessa bem propagada por Lauro quando pleiteava comando do Executivo era a redução de 18 para no máximo de 15 secretarias. No entanto, o verde apenas extinguiu a Saned, ex-autarquia que era responsável pelo serviço de saneamento básico.

Análise
Cientista político, Cláudio Couto avalia os riscos quanto a promessas não cumpridas por políticos durante períodos eleitorais. Para especialista, projetos incompletos durante gestão podem comprometer pretensão de empreitadas em reeleição. “Pesa bastante diante de seu eleitorado um governante que não conseguiu executar compromissos acordados em processo de captação de votos. Ainda mais ações mais incisivas, que correspondem a cortes financeiras de alguma espécie”, comentou.

Couto ainda apontou que momentos adversos vividos por gestores pedem a prática do diálogo. “O governante acaba tendo de fazer concessões, que muitas vezes impedem de cumprir suas promessas. Por isso, debate com a sociedade e presença são fundamentais. Porém, o mais complicado que eu vejo é não ter realizações significativas diante de seus eleitores até o fim da gestão”, acrescentou o especialista. 




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