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Ato reúne 20 mil metalúrgicos

Passeata em S.Bernardo teve, entre os objetivos, a luta contra a ampliação da terceirização

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
30/05/2015 | 07:25
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Marina Brandão/DGABC


Cerca de 20 mil trabalhadores fizeram ontem, às 8h, mobilização em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e, depois seguiram em passeata pela Rua Marechal Deodoro, até a Praça da Matriz, em São Bernardo. O ato, que foi até as 10h30, e parou as fábricas de montadoras e autopeças de São Bernardo e Diadema no período da manhã, fez parte do Dia Nacional de Paralisação organizado pela CUT, junto com outras centrais sindicais (CTB, Conlutas, CSB, Intersindical e Nova Central).

O objetivo foi pressionar o governo federal e o Congresso contra o projeto de lei complementar 30 (antigo projeto 4330), que amplia a terceirização; a favor da adoção da fórmula 85/95 – que significa a possibilidade de se aposentar com 100% do benefício com tempo de contribuição e idade somados que atinjam 95 anos, no caso do homem, e 85 anos para a mulher – em substituição ao fator previdenciário; e pela criação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que permitiria às empresas, em momentos de crise, a redução da jornada e de salários com complementação de renda dos empregados com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) por até dois anos.

Com muitas bandeiras e faixas, empregados de companhias como Ford, Volkswagen, Mercedes e Scania e também autopeças, além de metalúrgicos de outros ramos, até funcionários de terceirizadas, como de uma prestadora de serviços de refeições, acompanharam os caminhões de som e os discursos dos sindicalistas. “É importante estarmos aqui para ajudar os companheiros, o desemprego está grande”, disse um funcionário de MGE, fabricante de equipamentos ferroviários em São Bernardo. Ele preferiu não se identificar. “Temos de correr atrás de nossos direitos”, afirmou um empregado da autopeça Delga, de Diadema, que também não revelou o nome.

Durante a manifestação, o presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que essa é uma primeira demonstração dos trabalhadores e que, se o projeto de terceirização – que já passou na Câmara Federal e agora é analisado no Senado – for aprovado, haverá greve geral em todo o País. “Isso aqui é só um esquenta”, afirmou.

“Paramos 50 mil trabalhadores hoje e 20 mil vieram para o ato. O movimento operário tem de estar unido para melhorar o Brasil e o governo federal”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Além da mobilização na região – que incluiu também outras categorias, como os bancários, que mantiveram as agências fechadas no Centro de São Bernardo pelo período da manhã, com a distribuição de panfletos à população –, operários também pararam em outras cidades do Interior, como Sorocaba, Taubaté, São Carlos e Matão e em outros Estados.

PROTEÇÃO - Marques considerou que o ato, pelo número significativo de pessoas, foi uma vitória, e acrescentou que está confiante na entrada da medida do PPE no Congresso, por parte do governo, para servir como alternativa para dar fôlego às empresas e evitar a intensificação das demissões. “Tivemos conversa com o ministro (da Secretaria-geral da Presidência, Miguel) Rosseto e a (presidente) Dilma (Rousseff) está propensa, convencida que o programa é necessário. Estamos tão confiantes que vai sair que pedimos para o Vicentinho (deputado federal, do PT, que esteve no ato, para oferecer apoio às reivindicações das centrais) disputar a relatoria do projeto (no Câmara)”. Vicentinho garantiu que Dilma não vai vetar o fim do fator previdenciário.
 




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