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Cancioneiro com cheiro de roça

Violeiro mineiro Zé Helder lança ‘Assopra o
Borralho’, disco que chega às lojas com 11 faixas

Por Vinícius Castelli
29/05/2015 | 07:00
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Túlio Noronha/Divulgação


Não dá para dizer que música tem cheiro, mas que provoca sensações, isso sim. E com o repertório de Zé Helder é exatamente isso que acontece: aroma de roça, de mato, terra molhada, café e de pilão. É isso o que promove, ainda que de forma inconsciente, o violeiro mineiro em seu novo disco, Asssopra o Borralho (Tratore, R$ 20,90, em média).

“Pelo contrário do que possa parecer, este disco foi todo concebido no período que eu morei em São Paulo. Mas nasci e cresci em um ambiente bastante rural, de certo modo eu nunca saí dele. Acho que clima de estar no mato está é dentro da minha alma”, diz o artista.

Ilustrado por 11 composições inéditas, o trabalho aposta em sonoridade acústica, com ricos arranjos das cordas de violas, encorpadas pelo som do acordeon, clarinete e até caixa de folia. Zé Helder conta que, para esse disco, especificamente, ele arregimentou amigos músicos que tinham muito a ver com o clima que buscava em cada faixa.

As melodias são acompanhadas por letras que mais parecem poemas. Água, pão de queijo, as cinzas do fogão de lenha, montanhas verdes e a seresta são assuntos presentes. O compositor assume que tem mais hábito de ler do que de escutar música. “Então, quando escrevia as letras de Assopra o Borralho, às vezes até achava que estava sendo meio pedante. Mas era essa atmosfera que eu buscava desde o começo, recriar ao meu modo um tempo antigo onde essa poesia mais rebuscada tinha vez.”

Curioso notar que, apesar de remeter ao som do interior, da roça, como na faixa Pão de Queijo, Zé Helder promove misturas sonoras e não prende ao passado. Seretas, rock e até afro peruano são referências em sua obra. “A música deve ter, antes de tudo, honestidade. A real intenção de fazer algo bom que traga alegria e paz no coração. Então, o que se chama de música caipira, eu entendo que seja música feita por uma pessoa que viu um carro de boi na sua frente, que viu muitas manhãs frias e se preocupou com o cafezal em flor, essas coisas. Agora, eu como compositor, vi muitas outras coisas, toquei e ouvi outras músicas e quero dizer isso com a mesma honestidade que o cara que só viveu na roça.” 




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