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Vendas devem cair no Dia dos Namorados

Pesquisa prevê que comércio da região movimente
R$ 78,9 milhões neste ano, recuo de 3,5% ante 2014

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
22/05/2015 | 07:28
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Celso Luiz/DGABC


O comércio do Grande ABC espera queda nas vendas para o Dia dos Namorados (12 de junho) deste ano na comparação com 2014. De acordo com a Pesquisa de Intenção de Compras divulgada ontem pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista, o setor deve movimentar R$ 78,9 milhões com a compra de presentes para essa data em 2015.

No ano passado, a população da região gastou R$ 74,5 milhões no Dia dos Namorados. Apesar de a projeção para 2015 ser maior do que a de 2014, houve retração real de aproximadamente 3,5%, já que é necessário descontar inflação de 8,13% acumulada em 12 meses até março, conforme o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

O preço médio de cada presente deve ser de R$ 198, ante R$ 205 do período anterior – queda real de 10,6%. Já o gasto total planejado para a data passou de R$ 214 para R$ 229, o que, levando em conta a inflação, mostra estagnação.

O professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico, avalia que a retração no comércio é provocada por dois fatores. Em primeiro lugar, a queda no nível de emprego na indústria – dados do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) mostram que, até abril, o setor havia demitido 22,6 mil trabalhadores nos últimos 12 meses, o equivalente, por exemplo, a mais que o dobro do efetivo na fábrica da GM em São Caetano. O desemprego tem como consequência a queda na renda. “O Grande ABC tem sofrido muito mais com esses cortes. Talvez isso quebre a tese de que a gente não depende mais dos segmentos automobilístico e de caminhões”, comenta.

Outro ponto citado pelo professor como responsável pela diminuição nas vendas é a restrição na liberação de crédito por parte de instituições financeiras aos consumidores, além de aumento nas taxas de juros. “Isso tudo faz o consumo ir lá para baixo.”

A pesquisa revela ainda que o uso do cartão de crédito aumentou na escolha dos clientes como forma de pagamento dos presentes, enquanto o dinheiro em espécie teve queda na preferência. “Muito possivelmente, isso ocorre devido à opção pelo parcelamento. Com a renda apertada, o consumidor divide o valor e consegue um alívio.” Maskio alerta, entretanto, para o risco de aumento na inadimplência.

Entre os estabelecimentos para compra, os shoppings são escolhidos por 53% da população do Grande ABC, enquanto o comércio de rua das regiões centrais tem preferência de 22,5%. Para 6,9%, a internet será o meio utilizado para a aquisição dos presentes. Com 27,2%, Santo André é o município preferido para a busca, seguido por São Bernardo (23,3%), Diadema (19,4%), Mauá (10,7%) e São Caetano (9,5%). A Capital é lembrada por 7,3% dos entrevistados.

A maioria dos clientes da região quer presentear os parceiros com peças de roupas (34,4%). Em média, os itens de vestuário devem demandar R$ 140 por pessoa. Em segundo lugar estão os perfumes e cosméticos, com 19,4% e cujo gasto estimado também é de R$ 140. Em seguida estão flores (6%) e jantares/passeios (5,7%), categoria que inclui os motéis e cuja previsão individual de arrecadação é de R$ 187. A decisão do que comprar ainda não foi tomada por 12,2% da população.


Amigos e outros receberão presentes de 9,7%

Enquanto a maioria dos clientes que comprarão presentes para o dia 12 de junho espera agradar namorados ou cônjuges, parcela significativa da população pretende homenagear outras pessoas. Pesquisa do Observatório Econômico da Universidade Metodista mostra que 3,1% querem presentear ‘amigas’, 3% desejam adquirir itens para ‘amigos’ e, 3,6%, estão na categoria ‘outros’, que pode incluir, junto com os amigos – por que não? – os amantes. São quase 33 mil de 340 mil pessoas.

A maior parte dos presentes será para os namorados: 34,9%. Já as namoradas representam 24,1% das intenções de compra. Os maridos são 18,2% dos presenteados e as mulheres, 13,2%. Amigas, amigos e ‘outros’, somam 9,7% – perto do percentual das mulheres.

Por outro lado, os presentes mais caros serão para os maridos: R$ 233, em média. Para as mulheres, o valor das compras deverá girar em torno de R$ 216. Aos namorados, a lembrança custa, em média, R$ 179. Em seguida estão namoradas (R$ 168), amigas (R$ 111), amigos (R$ 92) e ‘outros’ (R$ 96).

Entre a população cuja renda familiar é superior a 15 salários mínimos, a estimativa de gastos para o Dia dos Namorados deste ano diminuiu em relação a 2014. Mesma variação foi observada na faixa de cinco a dez salários mínimos.

Nas famílias com renda até três salários mínimos, a perspectiva é de que haja aumento nos gastos na comparação com o ano passado.

“Esses que estão na faixa acima de 15 salários mínimos geralmente são os casados. Há um comportamento diferente em relação aos solteiros. Os que estão casados possuem renda maior, mas têm mais compromissos financeiros. Então, é uma pessoa que vai tentar se proteger mais em relação a não fazer endividamento agora”, diz o professor Sandro Maskio. A previsão de gastos entre os solteiros subiu de R$ 161 para R$ 188, enquanto entre os casados o aumento foi de R$ 217 para R$ 258. Os que pretendem desembolsar maior quantia, entretanto, são os que declaram possuir união estável, cujo orçamento reservado para os presentes neste ano chegou a R$ 322, ante R$ 290 de 2014.
 




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