Política Titulo Editorial
Para acreditar no Brasil
Do Diário do Grande ABC
19/05/2015 | 10:28
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Arte/DGABC


“Acreditamos que o Brasil continuará crescendo nos próximos anos. Portanto, nosso lema é: pisar no acelerador!” Foi com essas palavras que Andreas Renschler, integrante do Conselho de Administração do Grupo Daimler, responsável pela Mercedes-Benz, recepcionou Philipp Schiemer, que no primeiro semestre de 2013 assumia a presidência da montadora no Brasil. Ontem, dois anos depois, o comandante dos negócios da companhia em solo verde-amarelo acusou o duro golpe da nossa fragilizada economia.

Foi numa conversa reservada com funcionários da empresa, cujo áudio o Diário teve acesso, que Philipp anunciou demissão de 500 trabalhadores e férias coletivas para 7.000 a partir do dia 1º. A linha de montagem vai parar por 15 dias. Poderia ficar sem produzir por quatro meses, segundo seu presidente, pois os estoques estão altos. 

Os motivos são muitos para decisão tão radical: além da queda nas vendas, o alto excedente de mão de obra e baixa adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária). Mas o principal deles, a condução política e econômica do País, sob as rédeas de Dilma Rousseff, do PT, é que intriga o alemão. E ele usou termo bem brasileiro para expor o pensamento de uma das maiores empresas do Grande ABC e do País sobre a atual conjuntura. “Parece o ‘samba do crioulo doido’, ninguém sabe o que vai acontecer.” O presidente da automobilística também fala que “estamos dentro da pior crise dos últimos 20 anos”.

Não há sinal de recuperação. Não há previsibilidade. Ou seja, as companhias mais sólidas são afetadas diretamente por um governo sem rumo, que prometeu um projeto na eleição de 2014 e executa outro. Uma nau à deriva que compromete os empreendedores gigantes, desestabiliza os médios, aniquila os pequenos, extermina os micro e esmaga os trabalhadores. E o Sindicato dos Metalúrgicos? Vai falar com a direção da empresa só amanhã. É um assunto que tem de ser tratado de maneira mais séria, tanto por parte dos representantes da categoria como das fábricas e dos governos federal, estadual e municipal. Para continuarmos a acreditar no Brasil, como expressou Andreas Renschler.




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