Política Titulo Ex-sócio de gráfica
Tarcisio diz que está em paz com o travesseiro

Secretário de Marinho nega irregularidades, mas informa dados conflitantes como defesa

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
29/04/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


Ex-sócio da Editora Gráfica Atitude – alvo na Operação Lava Jato – e próximo de ser convocado por deputados federais a depor na CPI da Petrobras, o secretário de Serviços Urbanos de São Bernardo, Tarcisio Secoli (PT), afirmou, pelas redes sociais, que é “vítima de campanha sórdida” e que “está em paz com travesseiro”.

A empresa na qual o petista foi comandante até 2010 é apontada pela PF (Polícia Federal) como ponte para que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso no Paraná, recebesse propina de desvios da Petrobras.

“Estou tranquilo e absolutamente em paz com meu travesseiro porque minha conduta e atitudes ao longo da vida sempre foram pautadas pela integridade e dignidade. Todos meus relacionamentos sempre tiverem como referência a ética e o respeito”, escreveu Tarcisio.
Na sexta-feira, a equipe do Diário tentou conversar com Tarcisio, durante audiência pública da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) no Teatro Cacilda Becker, e o petista evitou responder os questionamentos.

Tarcisio afirmou que deixou a Editora Gráfica Atitude em 19 de julho de 2008, mas documentos registrados da empresa na Junta Comercial do Estado contradizem o secretário de Luiz Marinho (PT). No órgão, Tarcisio só foi desligado da companhia em agosto de 2010, época em que já se registraram os primeiros pagamentos de empreiteiras contratadas da Petrobras à conta da Atitude a mando de Vaccari, segundo a PF.

O petista declarou que não tinha papel na administração da empresa. Entretanto, documento protocolado na Junta Comercial é claro ao mostrar que Tarcisio, como representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, era sócio da Atitude. A firma foi aberta em 2007 e é responsável por publicação da Revista do Brasil e edição do site Rede Brasil Atual – além do Sindicato dos Metalúrgicos, a empresa é controlada pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo.
“Por essa razão, não existe nenhum cheque, nenhum contrato, nenhum documento assinado por mim e pelos meus sucessores na editora”, garantiu.

“Felizmente, nem todos se deixam enganar pelo jogo sujo do oportunismo. Tenho recebido muito apoio, solidariedade e votos de confiança, que renovam minha força e disposição para manter esta caminhada ao lado dos companheiros de luta, da minha família e todos que acreditam numa sociedade inclusiva”, adicionou Tarcisio.

CONVOCAÇÃO
Na sessão de ontem, deputados não leram requerimento protocolado pela bancada do PPS na CPI da Petrobras pedindo convocação de Tarcisio, do deputado estadual Teonílio Barba (PT) e do parlamentar Luiz Cláudio Marcolino (PT) – os dois últimos são diretores da Editora Gráfica Atitude. O documento deve ser lido ainda nesta semana.
A PF estima que R$ 2,4 milhões de dinheiro público desviado da Petrobras foram depositados na conta da Editora Gráfica Atitude. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;