Economia Titulo Dispensas
Mercedes-Benz vai demitir 500 na região

Empresa informa que cortes serão feitos no dia 4 de
maio; sindicato fará assembleia para parar a fábrica

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/04/2015 | 07:14
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André Henriques/DGABC


A Mercedes-Benz comunicou que vai demitir, no dia 4 de maio, 500 funcionários dos 715 que estão em lay-off, ou seja, que têm o contrato suspenso temporariamente, em São Bernardo.

A decisão levou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a convocar os trabalhadores dessa unidade fabril para assembleia, na quarta-feira, com encaminhamento para greve. Segundo o diretor do sindicato e integrante do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da montadora, Moisés Selerges Júnior, a entidade foi surpreendida com a informação de que a empresa iria fazer as dispensas. “Eu trabalho há 30 anos na Mercedes e não me recordo de a montadora fazer demissões através da imprensa”, disse. “A resposta será dada na frente da fábrica”, acrescentou.

Selerges Júnior afirmou que, logicamente, o atual cenário do mercado de caminhões não é bom, mas que a empresa tem de ter a responsabilidade de buscar alternativas. Ele acrescentou que o sindicato tem defendido, junto ao governo, o plano de renovação da frota de caminhões, que poderia – se saísse do papel –, sinalizar com crescimento das vendas. Esse programa, idealizado pela entidade, e encampado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), se destinaria a incentivar a troca de caminhões com mais de 30 anos de uso.

A companhia, por sua vez, justifica que as demissões ocorrem por causa da forte queda das vendas de veículos comerciais, gerando aumento de estoques tanto na fábrica quanto na rede de concessionários. Os licenciamentos de caminhões da marca no País registram queda de 39,9% no primeiro trimestre ante mesmo período de 2014, de acordo com dados da Anfavea. Essa situação, diz a empresa, gerou novo excedente de 1.200 pessoas na fábrica de São Bernardo, que conta com 10,5 mil empregados. A companhia já tomou, neste ano, medidas como semana curta, folgas coletivas (banco de horas), licença remunerada e, agora, analisa a possibilidade de outras férias coletivas para as áreas produtivas. Além disso, vinha adotando lay-off desde julho de 2014, inicialmente por cinco meses com parte do pagamento dos suspensos proveniente do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e, depois, de novembro até este mês, a empresa passou a bancar todo o salário líquido dos afastados.

Em comunicado interno ontem aos empregados, a direção da montadora diz que, com a falta de previsão da retomada do crescimento econômico e a forte queda da produção, superior a 40% na Mercedes-Benz, precisa urgentemente negociar soluções definitivas para suportar o custo do excesso de pessoal e atravessar a atual crise. E que, apesar de ter sido informada sobre um movimento de greve a partir da semana que vem, afirma: “Às soluções encontradas por meio de diálogo são o melhor caminho para evitarmos conflitos e prejuízos à empresa e aos colaboradores, que têm impacto em sua remuneração”.

A fabricante diz ainda que, apesar do mercado desfavorável, manterá os investimentos de R$ 3,2 bilhões, no período de 2010 a 2018 para as plantas fabris de São Bernardo e Juiz de Fora (Minas Gerais), para garantir as operações de suas fábricas no País.

PDV - Para os 500 suspensos que serão demitidos, a empresa oferece a possibilidade de adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) até o dia 27. O pacote abrange pagamento de R$ 28,5 mil para quem aderir que esteja trabalhando hoje e esse valor mais R$ 11,5 mil para os que estão suspensos e que retornariam à empresa dia 30 (prazo final do afastamento, que já se estende desde julho de 2014 até este mês). “Isso significa assegurar a renda desses colaboradores hoje em lay-off até o início de 2016, totalizando mais de 20 meses de renda sem atividade de trabalho”, informa a Mercedes.


Empregados suspensos receberam cartas

Parte dos funcionários em lay-off da Mercedes-Benz recebeu, há poucos dias, correspondência da montadora pedindo para eles comparecerem ao departamento de recursos humanos para informá-los sobre as condições do PDV (Programa de Demissão Voluntária). O objetivo foi convidá-los a aderir.

Nem todos receberam a carta. A exceção teria sido aos que têm restrição médica, por terem doença profissional. Segundo a montadora, esses funcionários que, conforme acordo coletivo, têm estabilidade de emprego, não fazem parte do grupo de 500 que serão demitidos.

Os empregados suspensos vinham participando de plenárias, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para discutir sua situação. Texto que circulou, via internet, entre esses funcionários, dizia que durante recentes negociações do sindicato com a empresa houve acordo que resultaria na prorrogação do lay-off por mais um mês (até fim de maio), com redução de 15% no salário, e quem aderisse ao PDV, para sair até dia 4, receberia R$ 52 mil de pacote de benefícios.

Já para a saída no dia 1º de junho, o trabalhador suspenso teria o valor reduzido para R$ 48 mil. Dizia ainda que se o objetivo de 500 adesões não for atingido, vai haver demissões.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nega que esse texto tenha partido da entidade e também contesta as informações contidas nele. Segundo o sindicato, é o trabalhador que decide, em assembleia, sobre o que os representantes da categoria discutem com a indústria.
 




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