Economia Titulo Balanço
Vendas do comércio caem 8%

Setores de vestuário, eletrônicos e veículos foram os que mais sofreram com a retração no ano passado; resultado da região foi o pior do Estado

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
31/03/2015 | 07:09
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Nario Barbosa/DGABC


O faturamento do comércio varejista no Grande ABC teve queda de 8,06% em 2014 em relação ao ano anterior, diminuindo de R$ 32,9 bilhões para R$ 30,2 bilhões. Na comparação de dezembro do ano passado com o último mês de 2013, a retração foi de 11,04%, chegando a R$ 3,08 bilhões – pior desempenho entre as 16 regiões do Estado que integram a PCCV (Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista), realizada pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Como base, foram utilizados dados da Secretaria da Fazenda de São Paulo.

O economista Guilherme Dietze, da FecomercioSP, avalia que o fato de o Grande ABC ter apresentado o pior resultado do Estado está ligado “à dependência que a região tem em relação ao setor automotivo”. “Esse cenário ruim influenciou fortemente o desempenho do varejo. A queda nas vendas da indústria provoca demissões. Esse fator, somado à perda de riqueza em razão da inflação, impacta na redução do consumo”, analisa. No primeiro bimestre houve queda de 23% nas vendas de veículos no País em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Nas sete cidades, os setores que tiveram maior queda no faturamento em 2014 foram os de vestuário, tecidos e calçados (-28,52%); eletrodomésticos e eletrônicos (-24,2%); autopeças e acessórios (-13,96%) e concessionárias de veículos (-12,7%). Foi registrada alta nos segmentos de farmácias e perfumarias (4,84%) e supermercados (0,96%). “As famílias, ao sentirem que estão com poder de compra menor, preferem priorizar gastos com produtos básicos. Com cenário de imprevisibilidade, o consumidor evita assumir dívidas ou fazer um financiamento. Além disso, os bancos reduziram a oferta de crédito”, comenta Dietze. As vendas de materiais de construção subiram 0,83%, mas a variação positiva pode ser apenas um residual do
boom imobiliário dos últimos anos.

A retração no comércio tende a aumentar o volume de demissões no setor, acrescenta o economista. “Entretanto, não deve ser nada tão drástico a ponto de causar um efeito devastador na economia.”

Para o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, a falta de confiança por parte de empresários e consumidores é o principal responsável pela crise do setor. “Diante da estagnação da economia e da falta de perspectivas de melhora, não há segurança ao fazer um investimento ou fazer uma compra a prazo.” Moura estima que a retomada do crescimento deverá ocorrer somente no segundo semestre de 2016. Ele também enxerga a possibilidade de cortes de pessoal em razão da retração.

Para tentar fomentar o comércio no município, o presidente da Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano), Mauro Laranjeira, se reuniu na semana passada com o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB). “O objetivo foi tratar de ações para apoiar o comércio local. Quando se compra na cidade, o recurso fica lá, fazendo girar a economia.”


Lojista optou por reduzir valores

Para enfrentar a crise sem perder muitos clientes, a solução encontrada pela comerciante Mônica Luvizotto, dona de loja de roupas infantis em Mauá, foi baixar os preços. “Quando percebemos que o movimento está fraco, buscamos colocar mercadorias mais acessíveis. Se o pessoal está pisando no freio, vai ter que comprar de qualquer maneira, mas vai pesquisar mais”, comenta a lojista, que conseguiu comercializar peças até 30% mais baratas.

Mônica afirma que sentiu redução nas vendas, mas não de 28,52%, como na média do setor no Grande ABC. “A queda foi de 15%, no máximo.” A comerciante salienta que, mesmo diante da crise, não pode deixar de investir em mercadorias. “Nós compramos com muita antecedência e direto da fábrica. A minha coleção de inverno, por exemplo, eu peguei em novembro. Se eu não me preparar, não vou ter o que vender no inverno.”

O comerciante Djalma Lima, diretor da SOL (Sociedade Oliveira Lima), diz não ter observado redução no faturamento em 2014, mas que o desempenho já apresenta queda nos primeiros meses de 2015. “Do começo do ano para cá, tivemos diminuição entre 10% e 15%.” Lima salienta que, além da falta de confiança do consumidor, a alta do dólar provoca aumento de preços, o que afasta compradores.
 




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