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Pirelli admite possibilidade de lay-off na região devido à crise

Fabricante de pneus reconhece ainda que queda nas
vendas pode resultar em corte no efetivo na região

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
28/03/2015 | 07:10
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Ari Paleta/DGABC


Em conversa na manhã de ontem com o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), o presidente da Pirelli para a América Latina, Paolo Dal Pino, admitiu a possibilidade de colocar parte dos funcionários da fábrica no município em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). O empresário foi procurado pelo petista, após reportagem do Diário em que trabalhadores disseram temer demissões, para que informasse os termos da compra de 26% das ações da empresa pelo grupo ChemChina (China National Chemical Corp), transação que foi anunciada na segunda-feira.

A queda nas vendas do setor para montadoras no primeiro bimestre – de 19,4% em 12 meses, segundo a Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneus) –, ocasionada pela crise na economia, que dificulta o cenário para a venda de veículos, também pode provocar demissões. “Ele (Dal Pino) acredita que vai ter entendimento com o sindicato, mas que não pretende demitir. Eventuais ajustes de produção e pessoal serão negociados, mas isso não tem nada a ver com a aquisição da empresa pelo grupo chinês”, relata o prefeito.

A respeito do lay-off, não há informação sobre o número de empregados atingidos, nem de quando a medida poderá ser adotada.

Grana também diz ter sido comunicado que não será realizada alteração na gestão da empresa no Brasil e que, consequentemente, não haverá fechamento de unidades. “Portanto, o plano de investimento da Pirelli para os próximos três anos em Santo André está mantido, na ordem de R$ 250 milhões”, acrescenta. Segundo o prefeito, o recurso será utilizado para modernização da planta e ampliação da produção de pneus para uso na agricultura – a fábrica andreense é a única no País que confecciona o produto.

Na terça-feira, às 10h, haverá reunião no prédio da Prefeitura entre o diretor de relações institucionais da empresa, Mário Batista, e a vice-prefeita e secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Oswana Fameli (PRP). O objetivo é aprofundar as discussões a respeito da transação, avaliada em US$ 7,7 bilhões (cerca de R$ 24,94 bilhões com o dólar cotado a R$ 3,24).

A Pirelli foi procurada pelo Diário para confirmar as informações passadas pelo prefeito, mas preferiu não se manifestar.

O OUTRO LADO - Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira, o fato de a empresa sinalizar que não pretende cortar o quadro de funcionários não tranquiliza a categoria. “Falar é fácil. Quero ver me dar um documento por escrito comunicando que vai ter investimento, que a fábrica não será desativada e que não haverá demissões. Além disso, agora ele (Dal Pino) passa a ser um funcionário dos chineses. O que eles determinarem, ele terá de cumprir”, comenta.

Ferreira critica a direção da Pirelli que, segundo ele, atendeu ao prefeito antes de receber os trabalhadores. “Quem vai para a mesa de negociação é o sindicato. Estamos buscando informações e, se for preciso, montaremos um grupo de sindicalistas e vamos para a China ver o que vai acontecer.”

O presidente garante que, em caso de desligamentos, haverá greve. “Se a empresa quiser colocar o lay-off, vamos pôr na pauta e ver as condições.”

RAIO X - A companhia possui quatro fábricas no País. A América Latina e a Europa representam os principais mercados da empresa no mundo. Em 2009, no auge da crise econômica internacional, a Pirelli demitiu cerca de 300 colaboradores no Grande ABC. Atualmente, cerca de 2.500 pessoas atuam na planta de Santo André.
 




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