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No balé da Cidade, ex-bailarinos criam obras
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27/03/2015 | 08:00
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Se é verdade que o bom filho à casa torna, o Balé da Cidade de São Paulo terá três casos que confirmam o ditado popular. É que, desta sexta-feira, 27, a domingo, 29, a companhia municipal estreia sua temporada de 2015 com o programa Brasileiros, que une três coreografias criadas por ex-bailarinos da casa: Jorge Garcia, Alex Soares e Gleidson Vigne.

Esta é a primeira vez, dentro da gestão de Iracity Cardoso (diretora artística desde 2013), que o Balé da Cidade estreia um programa fora do Theatro Municipal. Pertencente à Fundação Theatro Municipal de São Paulo, o grupo se apresenta no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, por um problema de agenda.

O Municipal está ocupado com a ópera Otello, que será transmitida ao vivo para salas de cinema de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

"Também tentamos fazer no Auditório Ibirapuera, mas as datas não fecharam", diz Iracity. "Estar fora do Municipal não é algo incomum. O Balé da Cidade tem 47 anos: houve momentos em que o Municipal ficou fechado para reforma e não tinha nem casa para estrear." Para ela, o Teatro Paulo Autran dá liberdade aos coreógrafos por ser outro tipo de palco e livrá-los, por exemplo, da exigência do uso de orquestra.

Último dos três bailarinos a deixar a companhia, Gleidson Vigne assina a primeira coreografia do programa. _______Fio da Meada - assim, antecedido por sete underlines que formam um fio - nasceu de uma inquietação profissional.

Desde 2013, ele vinha pensando na ideia de sair do Balé para seguir outros caminhos. Uma oportunidade surgiu no ano passado e fez com que ele se despedisse da companhia em outubro.

Essa mudança acabou influenciando a arte. "Todo mundo tem um objetivo, um desejo maior na vida, mas, por diversas questões, a gente acaba se afastando disso", diz Vigne. "A coreografia é sobre isso: quando você se percebe em um caminho que não é o seu, quando vê que perdeu o fio da meada."

No palco, a ideia aparece, como sugere o nome, por meio de fios diversos. Depois de manipulada por bailarinos, a protagonista se vê presa em uma caixa de cordas que vai do teto ao chão. Em outra cena, ela lida com dois personagens opressores que, do alto de suas pernas de pau, puxam cordas do figurino da bailarina e mexem com ela, como se fosse marionete. Os fios também aparecem na trilha sonora, que tem como base os sons gerados em instrumentos de corda.

O programa segue com Árvore do Esquecimento, de Jorge Garcia. Único coreógrafo instigado por Iracity a trazer uma referência de suas raízes, o pernambucano encontrou no livro e no documentário Pedra da Memória, de Renata Amaral, o mote de seu espetáculo. "A obra fala sobre os escravos que vieram do Benin para o Brasil, instalando-se, principalmente, no Recife e em São Luís", conta Garcia.

A migração criou semelhanças nas expressões folclóricas das regiões, o que é retratado no espetáculo. O nome é significativo: era na ?Árvore do Esquecimento? que os escravos davam voltas para, de modo supersticioso, esquecer suas raízes.

Alex Soares fecha o programa com Cenas a 37. O espetáculo faz uma livre apropriação da obra Cenas de Família, do argentino Oscar Araiz, executada pelo Balé da Cidade em 1978. No enredo original, as relações familiares entre um casal, suas duas filhas e um caçula. Soares usa os mesmos personagens, mas situa-os 37 anos depois do primeiro espetáculo, adicionando a morte de um membro da família. Na ocasião, o caçula ganha mais espaço, observando tudo de dentro de uma bolha de ar.

Grupo terá espaço na Praça das Artes

Atualmente em fase de licitação, o terceiro módulo da Praça das Artes, no centro de São Paulo, deve ser entregue em 2016. O local vai abrigar os grupos artísticos da Fundação Theatro Municipal de São Paulo e terá dois pavimentos de uso exclusivo do Balé da Cidade, com salas de ensaio e espaço para acomodar a equipe técnica e a administração da companhia. No andar térreo, está prevista uma réplica do palco do Theatro Municipal, com as mesmas dimensões do original. A ideia é que o Balé da Cidade tenha sua sede permanente, aliviando a demanda de espetáculos do Municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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