Com o Estádio 1º de Maio lotado ontem à noite, São Bernardo e Corinthians deram o presente que o torcedor mais ilustre, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, queria: o empate, por 2 a 2, em jogo válido pela quinta rodada do Campeonato Paulista.

Antes do duelo, Lula declarou que não torceria para ninguém, porque é corintiano, mas tem suas raízes na cidade. E o ex-presidente gostou do que viu: um jogo bem disputado.

Mesmo com a satisfação de Lula, o resultado não foi bom para o Tigre, que chegou aos cinco pontos e ainda está em situação complicada na tabela, na 14ª posição. Já o Timão, que atuou com a equipe reserva - somente Júlio César, dos titulares, começou jogando -, fica nos seis pontos (11º) e volta seu foco para a partida contra o Tolima, na pré-Libertadores, quarta-feira, na Colômbia.

O confronto começou bem disputado, com o São Bernardo mais perigoso no ataque. Logo aos dez minutos, Danielzinho driblou Fábio Santos pela direita e chutou de bico. Júlio César buscou quase no ângulo e espalmou para fora. Pouco depois, o Tigre abriu o placar. Romarinho dominou a bola na área e rolou para Júnior Xuxa. O meia dominou e chutou rasteiro no canto de Júlio César.

O gol animou torcida e time, que voltou à mesma rotina de jogos passados: desperdiçando oportunidades. Primeiro, William Favone, e pouco depois, Kauê bateu rasteiro e a bola passou perto da trave.

O Corinthians, então, começou a gostar o duelo, enquanto o Tigre recuou. Em bola alçada na área, Danilo desviou e quase marcou. Mas, aos 39 minutos, o meia não desperdiçou. A defesa do São Bernardo vacilou e ele apareceu livre na área para tocar por cobertura e deixar tudo igual.

Na etapa final, o Corinthians continuou melhor. Entretanto, apesar de jogarem mais recuado, os donos da casa foram mais perigosos. Danielzinho chegou a driblar o goleiro, mas chutou em cima de Moradei, que salvou em cima da linha.

Aos 27 minutos, no entanto, ninguém salvou o Corinthians. Após chute forte, Júlio César rebateu e Kauê pegou a sobra e bateu de primeira para colocar o Tigre novamente na frente do placar. A torcida da casa entrou em êxtase, por apenas oito minutos. Aos 35, Ramirez driblou dois adversários e chutou no ângulo de Pitol, que não pôde evitar o empate.

São Bernardo lamenta gol nos minutos finais

O empate de ontem à noite, no Estádio 1º de Maio, não deixou o técnico Ruy Scarpino e o meia Júnior Xuxa felizes, principalmente com o gol levado no fim da partida. Para ambos, o São Bernardo poderia encerrar o confronto com os três pontos conquistados.

"Fiquei frustrado por levar aquele gol no fim do jogo. Poderíamos sair com a vitória, que seria muito importante para a nossa classificação. Não podemos vacilar assim. No entanto, eu acho que o resultado não foi injusto por tudo que Corinthians e São Bernardo criaram em campo", opinou Junior Xuxa, autor do primeiro gol da equipe da região.

O treinador discorda do atleta e acha que Tigre atuou melhor que o Timão. "Criamos boas chances de gol e acho que o resultado não representou o que foi o duelo. Mas a equipe demonstrou que está evoluindo e pode dar mais alegrias a essa torcida, que compareceu em peso aqui no estádio", destacou o treinador.

O São Bernardo volta a campo na quarta-feira, para enfrentar o Bragantino, em Bragança Paulista.

Lula se divide no estádio e comemora o resultado

Literalmente, é como se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedisse a Deus que as equipes ficassem no empate. O primeiro passo: acender velas aos dois lados. Ao chegar ao Estádio 1º de Maio, ele já avisou que o coração estava bem dividido na camiseta retratada nas cores do Timão e do Tigre. O número dez nas costas caracterizava, enfim, o perfil do assumido torcedor que trocaria os massacrantes compromissos políticos nos gabites de Brasília pelo cenário de tantas manifestações nos tempos da implacável ditatura militar. "Agora, sinto que sou livre. Vou viver a vida e a liberdade que o futebol pode me proporcionar. Só que hoje não torço para ninguém", jurava o ex-líder da nação que, acessível, encarregava-se de furar o cerco da própria segurança pessoal para atender aos jornalistas credenciados.

Pouco antes do início do jogo, Lula desceu das tribunas às numeradas para receber a carteirinha de sócio número um do clube, além da homenagem do prefeito Luiz Marinho (PT), que também havia sido condecorado pela diretoria. Em seguida, o ex-presidente, sempre aplaudido e receptivo à imprensa e à tietagem, descerrou a placa para reinagurar oficialmente o estádio. Não adiantava insistir. Lula manteve a mais absoluta fidelidade.

No instante em que a bola começou a rolar, ninguém viu mais nada na sala VIP. No entanto, o vice-prefeito Frank Aguiar pôde testemunhar que Lula não gritou na hora dos gols de um ou de outro. Permaneceu rigorosamente impassível nos momentos em que as redes balançaram lá e cá. "É do jeito que eu queria", observou Lula, ao visualizar o placar.

Reformas superam os primeiros testes de segurança

As novas instalações do 1º de Maio passaram nos primeiros testes de segurança das lotadíssimas arquibancadas ou mesmo nas condições de trabalho da imprensa que, acostumada ao burburinho do Corinthians, ocupou as amplas cabines construídas na ala superior do estádio.

Os presidentes Luiz Fernando Teixeira (do São Bernardo) e Edinho Montemor (de honra), além do secretário José Luiz Ferrarezi (Esportes), pareciam atentos aos maiores e menores detalhes. "Creio que a gente pode melhorar ainda mais. É possível que falte uma coisinha aqui, outra ali. Mas, aos poucos, vamos arredondar nossa estrutura", afirmou Ferrarezi, nada surpreso ao constatar a invasão da grande mídia.

"Sabíamos que assim seria. No futuro, podemos, se necessário, até ampliar os atuais espaços destinados aos jornais e às emissoras de rádio e televisão", admitiu Ferrarezi.