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Taxa de desemprego recua em janeiro, mas tendência é de aumento

Devido a cenário de crise na indústria, que fechou 53 mil vagas em 12 meses, muitos deixaram de procurar trabalho, o que mascara realidade

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
26/02/2015 | 07:06
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Nario Barbosa/DGABC


A taxa de desemprego no Grande ABC recuou em janeiro, mas, apesar da melhora, os números da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), apurados pela Fundação Seade em conjunto com o Dieese, não trazem motivos de otimismo em relação ao mercado de trabalho, segundo especialistas. No primeiro mês do ano, o percentual de pessoas à procura de trabalho na região passou a corresponder a 10,4% da PEA (População Economicamente Ativa, ou seja, o total de moradores empregados ou em busca de colocação profissional), o equivalente a 145 mil pessoas. Em dezembro, a taxa estava em 10,9% (154 mil).

A queda de 0,5 ponto percentual no índice, no entanto, se deveu à diminuição da PEA – para 1,392 milhão, 1,6% menos que em dezembro –, o que costuma ocorrer em períodos de crise econômica, quando é comum muitas pessoas pararem de procurar emprego diante da falta de perspectiva de encontrar vaga. Exemplo: donas de casa e jovens que vivem com os pais podem adiar a decisão de se inserir profissionalmente, nesse cenário.

Os técnicos do Dieese Thomaz Ferreira Jensen e Zeíra Camargo citam que isso ocorre, tradicionalmente, em janeiro, período de férias, e que no primeiro trimestre, as empresas seguram as contratações, como parte do planejamento para o restante do ano. No entanto, os especialistas admitem que, em momentos de incertezas em relação à economia, esse movimento de saída do mercado de trabalho se intensifica – como verificado no mesmo mês de 2002 (-2,7%) e de 1999 (-2,1%). “Prenuncia resultados ruins, com a perspectiva de crescimento da taxa de desemprego neste ano, que pode passar dos 11%”, afirma Jensen.

Outro sinal preocupante, segundo o economista, foi a piora do nível de ocupação, principalmente na indústria. O contingente de pessoas empregadas ficou 1% menor, com a eliminação de 13 mil vagas de um mês para o outro.

RECORDE - Boa parte dos postos perdidos na comparação com dezembro foi no setor industrial: 7.000. As fabricantes já vinham reduzindo o quadro de funcionários e, nos últimos 12 meses, fecharam 53 mil vagas – desse total, só o ramo metalmecânico eliminou 23 mil.

Com tantas perdas, a indústria atingiu em janeiro o menor nível de ocupação desde 2011 (início da série com nova metodologia, no que se refere à distribuição de ocupados por segmento): 292 mil pessoas nessa área.

Ainda segundo o economista do Dieese, as fábricas da região, embora respondam por apenas 24% do total de ocupados, são muito encadeadas e, por isso, o desemprego impacta rapidamente em vários elos da atividade produtiva (montadoras, fabricantes de itens de borracha, de plástico, produtores de tintas, setor têxtil etc).

Os ramos de serviços, que respondem por 54% da ocupação na região, também fecharam postos em janeiro: 3.000. Isso foi compensado pela abertura de 3.000 vagas no comércio no primeiro mês do ano. O segmento, no entanto, já cortou 24 mil postos nos últimos 12 meses. Serviços, na contramão, contrataram 39 mil no período.

RENDIMENTO - Em dezembro, os assalariados tiveram crescimento de 3,2% em sua renda real (já descontada a inflação) frente ao mesmo mês de 2013, o que, para Jensen, mostra que, apesar da crise, as negociações salariais na indústria ainda foram favoráveis em 2014.
 




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