O sambista aguentou os temas Inconfidência, Abolição, Proclamação, Chica da Silva. Mas, quando o tema foi A Atual Conjuntura, o crioulo endoidou de vez.

Um comerciante foi assaltado por cinco bandidos armados, em Cubatão, no litoral de São Paulo. Reagiu a bala. Matou um assaltante, feriu outro, três fugiram. A vítima levou um tiro, foi medicada – e presa em seguida, por matar o bandido. Sua esposa, que levou à Polícia a pistola que o marido usou, foi presa por porte ilegal de arma.

Ele é oficial da PM, padre, cantor de algum sucesso, suspeito. Osvaldo Palópito, ex-capelão da PM, é investigado por suspeita de desvio de recursos - algo como R$ 2 milhões. Ele pediu passagem para a reserva. Padre, policial – deveria ser inatacável! Reflexão: o caro leitor, que pode seguir outras religiões ou ser ateu, paga para que a PM tenha à disposição um padre católico próprio. Os PMs podem ter outras religiões. Por que só atender católicos, e com dinheiro público?

O juiz Roberto Corcioli, 36 anos, pede ao Supremo que lhe permita atuar nas varas criminais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Corcioli está fora das varas criminais desde 2013, quando 17 promotores insatisfeitos com suas decisões representaram contra ele. Quais são essas decisões? Corcioli entende que, para certos crimes, prisão não é solução. Já deu pena alternativa, em vez de cadeia, para o réu que roubou R$ 6; Mas condenou a 30 anos um ladrão que matou a vítima.

Doentes do pé
Recado aos patrulheiros que reclamarão do termo “crioulo”: no Brasil, quem não gosta de samba bom sujeito não é. O Samba do Crioulo Doido (do musical Pussy, Pussy Cats, produzido em 1968 por Carlos Machado) foi composto por uma glória nacional, Stanislaw Ponte Preta, nome artístico de Sérgio Porto. E no samba o politicamente correto não entrou: o Neguinho da Beija-Flor é Neguinho, Blecaute era Blecaute, Noite Ilustrada era Noite Ilustrada. A Mulata Bossa Nova, como a Mulata Assanhada, como a Nega do Cabelo Duro, são o que são: ótimas.

Todo mundo bole
O juiz Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Criminal do Rio, que determinou a apreensão de bens do empresário Eike Batista, incluindo seus automóveis, é acusado pelo advogado Sérgio Bermudes de estar usando um dos carros apreendidos: uma Porsche Cayenne turbo placas DBB 0002. “Isso não apenas é suficiente para afastar o juiz como é um ilícito. Esse ato é gravíssimo”, diz Bermudes. O carro foi fotografado pela reportagem do O Estado de S.Paulo com o juiz ao volante. A Porsche Cayenne turbo zero km tem preço sugerido de R$ 679 mil.

Deixa a gente mole
“Cuidado com os idos de março”, disse o adivinho ao ditador de Roma, Júlio César, na peça de Shakespeare. Os idos de março, no antigo calendário romano, cairiam lá pelo meio do mês. César não deu importância à advertência do adivinho. Rebateu: “Os idos de março já chegaram”. O adivinho insistiu: “Mas ainda não passaram”. Pouco depois, seria apunhalado e morto.
Uma greve de caminhoneiros, como a que precipitou a deposição de Salvador Allende no Chile, pode ser política: seu objetivo era derrubar o governo. A greve de caminhões no Brasil não é política, nem tem comando centralizado. Quer mudar a regulamentação dos transportes, reduzir pedágios, aumentar fretes – problemas de organização econômica. Mas tem de ser resolvida logo, antes que vire crise. Pode ter efeitos devastadores se prejudicar o abastecimento e criar problemas bem na hora em que há um sentimento difuso de insatisfação, em que há defensores do impeachment da presidente. E, pior ainda, quando há tentativas de organizar manifestações de rua em boa parte do País contra o PT e seus dirigentes. O protesto está marcada para o dia 15. Exatamente nos idos de março.

Lava tudo
Tensão em Brasília: espera-se que o procurador-geral Rodrigo Janot envie ao Supremo, até sexta, pelo menos parte da lista dos políticos que considera envolvidos no Petrolão. Não se sabe se pedirá a instauração de processo contra todos ou se, em alguns casos, solicitará ao Supremo que abra primeiro um inquérito. Ainda não houve vazamentos. E as informações que circulam – como, por exemplo, a de que o ex-deputado Henrique Alves está fora do caso e pode, portanto, ir para o Ministério de Dilma – só serão confirmadas, ou não, quando o caso for entregue ao Supremo. Janot deve pedir que todos os nomes sejam revelados.