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Inflação é a maior dos últimos 12 anos

Em janeiro, IPCA tem expansão de 1,24% principalmente por encarecimento de alimentos, energia elétrica, água e ônibus

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
07/02/2015 | 07:27
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Orlando FIlho/DGABC


Os alimentos, a energia elétrica e as tarifas de água, esgoto e ônibus tiveram a maior contribuição na inflação oficial do País em janeiro, que atingiu 1,24%. Este é o maior percentual desde fevereiro de 2003, segundo mês do governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando a alta média de preços às famílias com renda entre um e 40 salários mínimos alcançou 1,57%.

As informações fazem parte da pesquisa IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicada ontem. Em dezembro, o indicador teve alta de 0,78%. No primeiro mês de 2014, chegou a 0,55%. Acumulado em 12 meses, o resultado referente a janeiro foi de 7,14%, maior taxa desde os 7,31% de setembro de 2011.

O grupo alimentação e bebidas teve o maior peso no índice, destacou o IBGE, devido à grande parcela da renda que as famílias desembolsam com esse tipo de despesa. A inflação atingiu 1,48%.

Coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio destacou que o clima quente e seco gerou forte impacto na produção dos alimentos in natura. “Com a queda na oferta, naturalmente há um aumento de preços.” As três principais altas do grupo se deveram aos custos da batata-inglesa, com alta de 38,09%, do feijão-carioca, com elevação de 17,95%, e do tomate, que encareceu 12,35%.

O grupo de despesas habitação aparece em segundo lugar da lista de maior peso no orçamento das famílias, tendo em vista a inflação de 2,42%. O IBGE destacou duas despesas principais, as tarifas de energia elétrica e de água e esgoto, como os principais encarecimentos. Os brasileiros enfrentaram alta média nos preços da conta de luz de 8,27%. Na Grande São Paulo, a situação foi mais alarmante, tendo em vista que a inflação do serviço atingiu 11,46%. Tal aumento foi considerado, pelo IBGE, como resultado do reajuste na tarifa de 3,77%, realizado a partir do dia 8 de janeiro, além dos “movimentos no valor dos impostos” e “o efeito do sistema de bandeiras tarifárias, modelo de cobrança do gasto com usinas térmicas, que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro.” Maskio acrescentou que a tendência é fevereiro e março apresentarem IPCAs também pressionados, tendo em vista que a nova metodologia tarifária tende a encarecer a energia para a população. Sem contar a alta dos combustíveis, de R$ 0,22 na gasolina, de R$ 0,15 no diesel e R$ 0,14 no etanol, que deverão refletir nos índices seguintes.

Já a taxa de água e esgoto inflacionou 1,42% no País, tendo em vista que na Região Metropolitana o registro foi de alta de 5,83%, resultado da correção de 6,47% na tarifa desde o dia 27 de dezembro.

Os transportes foram o terceiro pilar que sustentou a maior inflação nacional dos últimos 12 anos, com alta média de 1,83%. Na Grande São Paulo, que representa no geral 30% do IPCA, os ônibus urbanos tiveram pressão inflacionária de 12,67%, e os intermunicipais, de 16,24%. Ambos resultados são reflexos de reajuste de tarifas, em 6 de janeiro, de 16,6%. Na realidade, porém, o peso no bolso do consumidor foi ainda maior, já que as passagens de metrô e trem, que não entram no índice, subiram de R$ 3 para R$ 3,50.

META - Na avaliação da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o teto da meta da inflação do governo federal, de 6,50% em 2015, será ultrapassado. A entidade estima inflação de 7% no encerramento deste ano. “A oscilação do primeiro mês do ano não surpreendeu. Isso porque já eram esperados preços mais altos em alimentos, transportes e habitação, que, juntos, representam mais da metade (58%) dos gastos das famílias”, pontuou.
 




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