Economia Titulo Previdência
Mais da metade dos brasileiros não poupa

Pesquisa diz que 53% estão sem reservas, seja pelo desemprego ou devido a quantidade de despesas

Thaís Restom
Do Portal Previdência Total
01/02/2015 | 07:14
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Poupar ainda não é uma preocupação para a maioria dos brasileiros próximos da aposentadoria. Essa é a constatação de estudo global feito pelo banco HSBC com 16 mil pessoas em 15 países. No Brasil, o levantamento foi realizado com 1.001 cidadãos aposentados e em idade economicamente ativa (25 anos ou mais).

Segundo a pesquisa, 53% da população brasileira não estão economizando nem pretendem começar a poupar exclusivamente para o período em que vão deixar o mercado de trabalho. Diversos fatores explicam a falta de poupança, como o desemprego (35%), a compra de imóvel (28%), a crise econômica global (27%), a contratação de dívida (26%) e a educação dos filhos (21%).

O governo federal adotou recentemente série de medidas fiscais para reequilibrar as contas públicas, como o reajuste da alíquota de PIS/Cofins sobre a importação, o aumento do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito) para empréstimos de pessoa física e a alteração da incidência de PIS/Cofins e Cide sobre combustíveis. Para o economista Francisco Cintra, do Portal ZenEconomics, o ajuste tende a desacelerar ainda mais a economia e impulsionar a poupança no longo prazo. “Diversos setores devem reduzir a capacidade produtiva e o número de trabalhadores efetivos. Com isso, há boa probabilidade de aumento razoável na taxa de desemprego, o que incita as pessoas a pouparem mais para eventual período de dificuldades.”

Por outro lado, Cintra ressalta que parcela expressiva da população brasileira tem endividamento elevado, comprometendo, assim, parte considerável da renda. “A capacidade para poupar buscando benefícios financeiros de longo prazo se transforma em algo desafiador e viável apenas em um segundo momento”, avalia.

Estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que, nos próximos 20 anos, a população brasileira acima de 60 anos vai mais do que triplicar, passando dos atuais 26,1 milhões (13% da população) para 88,6 milhões (39,8%). A expectativa média de vida passará dos atuais 75 anos para 81 anos. E, enquanto a esperança de vida tende a aumentar para os mais idosos, a taxa de fecundidade caiu 26% nos últimos 14 anos no Brasil, passando de 2,39 filhos por mulher para 1,77 entre 2000 e 2013.

Essa nova demografia brasileira requer planejamento do poder público para sustentar a Previdência Social, já que mais pessoas vão precisar dos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), enquanto menos cidadãos estarão contribuindo para manter o sistema.

Para Marcelo Caetano, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), as recentes medidas governamentais para reformar benefícios da Previdência, como pensão por morte e auxílio-doença, terão efeito positivo no longo prazo. “Porém, essas reformas ainda são insuficientes. No caso da pensão por morte, tem muita coisa que ficou de fora, por exemplo, a questão do militar, funcionário público de Estado e município e a possibilidade de acumular aposentadoria com pensão”, alega. Ele é a favor das mudanças feitas nos benefícios sociais, e afirma que ainda serão necessárias outras rodadas de reforma. “O que foi decidido está na direção correta para tornar o sistema mais sustentável a longo prazo e irá corrigir distorções.” 




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