Economia Titulo Calor
Na região, comércio de água de coco dobra neste verão

Mesmo com aumento do preço do produto, que sai em média a R$ 4, calor intenso impulsiona demanda e ganhos dos vendedores

Por Marina Teodoro
Especial para o Diário
31/01/2015 | 10:37
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Celso Luiz/DGABC


 O aumento incomum da temperatura em janeiro têm influenciado o comportamento do consumidor. Neste mês, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o Estado de São Paulo registrou temperatura média acima dos 30ºC. No Grande ABC, os termômetros atingiram a casa dos 40º no dia 13, em São Bernardo. Esse calorão surtiu efeito nas vendas de água de coco da região, que chegaram a duplicar.

O vendedor de cocos Dirceu Victor Batista, 71 anos, que há dez anos comercializa o produto em frente ao Instituto Mauá de Tecnologia, comemora a vinda do verão. “Compro cocos de um fornecedor na Bahia. Nesta época do ano chego a dobrar minha encomenda”, conta Batista. De acordo com o vendedor, nos períodos mais quentes a média da demanda é de 5.000 cocos por mês, enquanto, no inverno, 2.500 são suficientes para 45 dias. “Neste mês cheguei a vender 400 cocos num domingo”, conta.

Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá De Benedetto, a busca intensa pelo produto faz com que o preço aumente. “É a lei da oferta e da procura. Não adianta criticar o vendedor, (o coco) é um produto perecível e a demanda está alta.”

Benedetto também faz menção a outro fator importante: “o frete encareceu mais que o comum, o que pode influenciar no aumento”, diz, referindo-se ao combustível mais caro – em 2014, o diesel subiu 5%.

Mas, para o aposentado mauaense Antônio Sidério dos Santos, 52, o investimento vale a pena. Ele toma água de coco pelo menos uma vez na semana. “Mesmo que chegue a R$ 10, continuo comprando.”

O preço médio do coco na região é de R$ 4, gelado, e R$ 3, natural. Mas essa variação depende do custo do fornecedor, conta a gerente de frutaria instalada na Avenida das Nações em Santo André, Maria Pereira da Silva, 71. “No calor eles sobem o preço e, conforme isso acontece, nós temos de repassar o aumento.” As vendas, no entanto, também crescem, e passam de 2.000 unidades nos meses quentes.

O ambulante andreense Casemiro Silveira, 72, aposentado há seis, encontrou no verão maneira de incrementar a renda. “Vendo coco só no período de calor. Fico nas portas dos parques da cidade, onde as pessoas costumam se exercitar e gostam de se hidratar. Chego a vender 200 por dia no fim de semana”.

Para o vendedor de frutas Silvino Avelino da Silva, 23, que trabalha na Rua Giovanni Battista Pirelli, “é preciso aproveitar o verão para lucrar”. O engenheiro agrônomo concorda, já que a tendência é diminuir o preço. “Com a chegada do inverno a procura diminui, o que obriga o vendedor a baixar o custo do produto.” É quando o valor recua para média de R$ 3.

Cuidados com saúde puxam vendas

De uns anos para cá, existe enorme preocupação da população em ser saudável. E esse cuidado se reflete nos hábitos de consumo. A água de coco, por ser hidratante natural e de baixa caloria, tem ganhado a preferência de quem quer se refrescar neste verão.

A advogada andreense Célia Campos, 42 anos, há dois começou a correr e mudou totalmente sua alimentação. “A água de coco é um elemento fundamental para minha dieta.”

Para o engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezzá De Benedetto, o líquido tem sido um grande hit da estação. “Está na moda. Chega nesta época, as pessoas querem emagrecer e ficar mais saudáveis.”

Para atender a demanda, o vendedor Gabriel Santos, 16, de São Bernardo, oferece o produto em três opções: gelado (R$ 4), natural (R$ 3) e na garrafa de 500 ml (R$ 5). “As pessoas preferem na garrafinha porque é mais prático.”

É o caso do encarregado são-bernardense Leandro Medeiros, 23, que sempre compra a água de coco no recipiente, pois, além de mais leve, garante mais líquido. “A qualidade dos cocos varia muito nesta época, e nem todos vêm cheios.”

O engenheiro agrônomo diz que realmente a qualidade difere conforme o coco, e que isso ocorre devido à alta demanda, que não dá muito tempo para seleção apurada dos produtos. “Mas isso deve mudar com a troca da estação.”




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