A exoneração, menos de um mês após a posse, da secretária de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, Fernanda Mendonça (PDT), publicada no Diário Oficial desta terça-feira, expõe o racha de seu partido na Bahia. De acordo com o documento, a saída de Fernanda do comando da pasta ocorreu "a pedido" e, para o lugar, foi nomeado o deputado estadual Paulo Câmera, também do PDT.

A cisão na legenda na Bahia tem origem na disputa pelo poder no Estado entre o PT, do governador Rui Costa, e o DEM, do prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto. Ambos devem protagonizar a próxima eleição para o governo, em 2018, e já começam a angariar aliados. Integrante do governo petista na Bahia desde a primeira eleição de Jaques Wagner, em 2006, o PDT também passou a integrar, no início do ano, a base de apoio da Prefeitura de Salvador - e passou a comandar a Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Emprego, hoje a cargo de Andréa Mendonça. A aproximação da legenda com o DEM contrariou o governador, que exigiu apoio exclusivo.

A situação causou o rompimento entre duas das principais lideranças do partido no Estado. O presidente do PDT na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior, que é irmão de Andréa e primo de Fernanda, reagiu à exigência de Costa e determinou a retirada da legenda da base aliada do governo e a manutenção do apoio ao prefeito ACM Neto.

A bancada estadual do PDT, liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, porém, anunciou que manteria o apoio ao governo de Costa. Integrante do grupo pró-governo, Câmera foi convidado para o lugar de Fernanda.

Nilo, candidato favorito para mais um mandato à frente da Casa - seria o quinto consecutivo -, já afirmou que lutará para ter também a presidência da legenda no Estado. Apesar disso, são fortes os rumores de que ele deve se filiar no novo Partido Liberal (PL), cuja recriação vem sendo articulada pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab.