Economia Titulo Automotivo
GM projeta melhora para 2016

Presidente global considera cenário brasileiro como
desafiador; companhia diz não garantir estabilidade

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
27/01/2015 | 07:13
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Orlando Filho/DGABC


A General Motors comemorou ontem 90 anos de atividades no Brasil com a inauguração de um centro de armazenagem e abastecimento de materiais, na Rua João Pessoa, em São Caetano, cujo investimento aproximado foi de R$ 100 milhões. Durante o evento, o presidente global da montadora, Dan Ammann, destacou que o cenário da economia brasileira e do setor automotivo, ambos em desaceleração, é considerado um desafio. “Nós esperamos atingir melhores resultados para mais tarde (fim de 2015). Nosso foco é na economia, que está guiando os negócios para 2016”, avaliou. Mas disse, aos risos, que espera que a companhia comemore mais 90 anos no País.

Mesmo com o anúncio de que mais de R$ 3 bilhões, dos R$ 6,5 bilhões que a montadora investirá no País, serão destinados para a fábrica da região, o presidente da montadora para o Brasil, Santiago Chamorro, declarou que não garantirá a estabilidade dos funcionários. “Nós não podemos (assegurar os empregos). A gente tem que se movimentar junto com a indústria e o mercado. Agora, nós temos alguns lay-offs (suspensão temporária de contrato de trabalho de 950 funcionários em São Caetano) em curso e temos que esperar como o segundo semestre vai se comportar.”

No entanto, Chamorro destacou que o cenário está melhorando. “Nós estamos agora em uma situação de estoque muito balanceado neste início de ano. Hoje temos estoque nas concessionárias que dá para um mês de vendas, nível convencional. É verdade que no ano passado a gente se movimentou com estoque um pouco maior. Mas esse armazém vai permitir atender à fábrica mais rapidamente. E com maior produtividade, ganho em tempo, espaço e produção nas linhas de montagem.”

O centro de armazenagem e abastecimento de materiais, denominado de Masc, será direcionado apenas para a fábrica de São Caetano. Movimentará 1,4 milhão de itens por dia, tendo em vista que cada veículo leva, em média, 6.000 peças, e um minuto para ser produzido. O vice-presidente da GM no Brasil, Marcos Munhoz, garantiu que o local dobrará a capacidade de armazenagem na fábrica. Lembrou, ainda, que em 1925 a montadora aportou no Brasil na Avenida Presidente Wilson, no bairro Ipiranga, na Capital, e quatro anos depois se instalou no município da região.

O prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) destacou que duplicou a Rua João Pessoa para melhor desempenho da GM e comodidade dos motoristas. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), agradeceu a importância social, pela geração de empregos (hoje são cerca de 11 mil funcionários), para a economia e tecnológica da empresa. E revelou que aprendeu a dirigir em uma caminhonete GM, na década de 1960, de seu pai, e que hoje utiliza uma Montana como carro de passeio.


Anfavea quer sistema de proteção ao trabalho no País

Criar sistema de proteção ao emprego no País para que, em momentos de crise, as empresas tenham como reduzir suas produções sem demitir funcionários. Este é um pleito das centrais sindicais e a Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores) garantiu que está de acordo com a proposta.

“Nós somos absolutamente favoráveis à implantação desse novo sistema de proteção ao emprego, que não vai substituir o atual programa de lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho). Será um programa adicional de proteção que conta com o apoio tanto da empresa (General Motors) como da Anfavea”, disse o presidente da entidade, Luiz Moan, ontem, durante a comemoração dos 90 anos da GM no Brasil.

“Por entendermos que os ciclos econômicos acontecem, o Brasil precisa estar preparado com uma legislação de ponta como os demais países já dispõem. De tal forma que você possa, em eventual momento de crise, preservar o emprego, especialmente na indústria automobilística, onde os postos são altamente qualificados. E o custo dos investimentos em treinamento é bastante alto.”

Moan sugeriu a redução de jornada de trabalho no mesmo patamar do decréscimo necessário da produção, com diminuição salarial durante o período ruim. “Mas o que nós colocamos sempre é que não basta a empresa ter a dificuldade. Ela precisa negociar com o seu sindicato. Ela abre uma negociação, não necessariamente precisa envolver a companhia como um todo, mas apenas determinada fábrica, ou até um estabelecimento ou setor. Com isso, você tem flexibilidade e máxima proteção ao emprego”, opinou. Tudo com a criação de um fundo para subsidiar os salários que, segundo o executivo, ainda está sendo formatado.

Adição de etanol na gasolina preocupa pela durabilidade

O principal problema que ainda desperta dúvidas nas montadoras em relação ao aumento de 2,5 ponto percentual de etanol anidro, para 27,5%, na gasolina, autorizado pelo governo federal, é em relação à durabilidade das peças dos veículos, destacou o presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Moan.

“O aumento da mistura não atinge em nada os veículos flex, porque eles já estão preparados para isso. Existe uma economicidade menor. O álcool tem fisicamente uma autonomia menor. Nós estamos fazendo testes de durabilidade nos veículos comercializados somente à gasolina”, explicou Moan. Ele garantiu que as montadoras e a Petrobras têm feito exames, que não mostraram muitas diferenças, mas ainda não foram concluídos.

A Anfavea terá reunião técnica com o governo federal amanhã, e o resultado final será apresentado na segunda-feira, na Casa Civil, revelou o presidente da entidade.

Montadora coloca Auricchio no palco com Paulo Pinheiro

Depois de sair do comando da Secretaria Estadual de Esportes e atualmente sem cargo político, o ex-prefeito de São Caetano (2005 a 2012) José Auricchio Júnior (PTB) foi prestigiado pela General Motors. A diretoria da empresa convidou o ex-chefe do Executivo são-caetanense a compor a mesa de autoridades durante solenidade de comemoração dos 90 anos da montadora no Brasil ao lado do atual prefeito Paulo Pinheiro (PMDB) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

O vice-presidente da GM, Marcos Munhoz, fez questão de anunciá-lo após cumprimentar o governador. “Paulo Pinheiro, prefeito de São Caetano, grande apoiador. Paulo, muito obrigado. E quero ressaltar a presença de José Auricchio, que foi nosso prefeito e tantas coisas passamos juntos. Muito obrigado.”

Alckmin não pisava em São Caetano desde setembro de 2012, durante a campanha de Regina Maura (PTB), apoiada por Auricchio e derrotada pelo peemedebista nas urnas.

Pinheiro, que fazia parte do grupo do ex-prefeito, se distanciou após saber que não seria o candidato do PTB, se filiou ao PMDB e venceu. Mesmo com a indisposição, o prefeito destacou a importância da GM. “Se estamos em primeiro lugar em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no País, grande parcela é por causa da GM.”

Esta foi a segunda vez que Auricchio e Pinheiro dividiram palanque desde 2012. 




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