Economia Titulo Metalúrgicos
Mensalista sofre com três pressões
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
23/01/2015 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A Volkswagen cancelou a demissão de 800 funcionários na sexta-feira após nove dias de máquinas paradas pela greve de parte dos funcionários, a maioria horistas, que atuam nas linhas de produção.

Porém, a mobilização tinha chance de ter sido ainda mais efetiva, e tido resultado mais rápido, se todos os funcionários da montadora participassem, avalia o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os mensalistas, que estão principalmente nas áreas de engenharia e administração, resistiram aos atos e assembleias até o último dia, quando decidiram integrar a mobilização que definiu o fim da greve após mais de meia hora de chamados do sindicato por meio do carro de som. Para a entidade, três motivos explicariam a situação: medo de perder o emprego, enfrentar o mercado de trabalho e proximidade à diretoria da fábrica.

Apesar dessa resistência, explicou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na Volks José Laelson de Oliveira, o Léo Superliga, os mensalistas estão na mesma situação dos horistas, pois recebem todos os benefícios dos acordos coletivos. “Enquanto o salário médio dos horistas é de, aproximadamente, R$ 4.800, o dos mensalistas chega a R$ 10,5 mil e, no caso de chefias, atinge até R$ 15 mil. Mas eles não querem se colocar na frente de luta como nós. Estão satisfeitos com os salários”, garantiu.

Léo Superliga deixou claro que o sindicato está consciente sobre os motivos. “Primeiramente eles estão muito mais próximos da chefia”, pontuou. Explicou que isso faz com que a postura desses profissionais fique muito mais alinhada com as decisões da empresa do que com a reivindicação dos trabalhadores.

Além disso, observou o sindicalista, há grande preocupação em relação à manutenção do emprego e à escassez de vagas em outras empresas. “O cara prefere preservar o trabalho dele dentro da fábrica e ficar do lado do chefe do que correr o risco de ser demitido.” Léo Superliga completou que diferentemente do que acontece com os técnicos horistas, há muito menos vagas no mercado de trabalho para os mensalistas que já estão em posições hierarquicamente superiores dentro da Volks, caso sejam demitidos.

ATIVIDADES

Na segunda-feira, o sindicato participará da mobilização nacional contra as mudanças nos direitos previdenciários e outras alterações nas leis relacionadas ao emprego, como é o caso do seguro-desemprego, que teve ampliações dos meses necessários para ter acesso ao benefício. Segundo o presidente da entidade, Rafael Marques, as produções das montadoras que voltaram de férias coletivas na semana passada e nesta serão paralisadas como reivindicação. Também são previstas pequenas caminhadas e atos com a participação de representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores). “Será um dia de paralisação e caminhadas curtas, eu acho”, disse Marques.  




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