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Mais de 64% das mulheres trabalham fora
Por Cibele Gandolpho
Do Diário do Grande ABC
08/03/2010 | 07:00
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Na comemoração do Dia Internacional da Mulher, o público feminino pode comemorar os avanços conquistados nos últimos 15 anos. No entanto, expressivas desigualdades ainda perduram entre gênero e raça no mercado de trabalho no Brasil, principalmente quando o assunto é remuneração. Os salários chegam a ser entre 25% e 30% menores do que os homens para funções semelhantes.

De 1992 para cá, a participação de mulheres com emprego fora de casa evoluiu de 56,7% para 64%, representando expansão de sete pontos percentuais. Os dados são da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Entre o sexo feminino, o índice de desemprego é alto e ainda muito superior quando comparado ao dos homens. Fatia de 19% das mulheres está fora do mercado de trabalho, enquanto entre os homens esse número só chega a 10,2%.

Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que na Região Metropolitana de São Paulo a taxa de desemprego feminino caiu pelo sexto ano consecutivo em 2009, para 16,2%, saindo de 16,5% em 2008.

Entre os homens, houve elevação de 10,7% para 11,6% no período. Segundo a OIT, a taxa de desocupação mundial entre as mulheres aumentou de 6% para 7% e no ano passado, alta pouco maior que a masculina.

"O crescimento da participação das mulheres no mercado não vem sendo acompanhada de redefinição das relações de gênero no âmbito das responsabilidades domésticas. Esse problema submete as mulheres a dupla jornada de trabalho", explica o sociólogo e consultor de relações humanas Jefferson Sebastião Fernandes.

"A mulher ainda é vista como aquela que pode dar mais trabalho do que o homem, no sentido de gerar gastos para a empresa, seja por causa de licença-maternidade ou de outra atribuição que lhe é confiada em casa", afirma a diretora da OIT Brasil, Laís Abramo.

CHEFES DE FAMÍLIA - De acordo com o relatório da OIT, o número de mulheres que são chefes de família chegou a 34,9% em 2008, quase dez pontos percentuais, se comparado a uma década atrás, quando elas representavam 25,9%. Assim, também acumulou, ao longo dos anos, jornada de trabalho exaustiva. Juntando a carga de horas trabalhadas fora com as atividades exercidas ao chegar em casa, as mulheres gastam, em média, 57,1 horas semanais.

"A mudança vital foi a transição feminina de ter emprego para construir carreira. Até a década de 1970 a maioria das mulheres parava de trabalhar antes dos 35 anos para cuidar da casa e dos filhos. Hoje, a maiorias pretende conciliar as atividades domésticas e profissionais", destaca Fernandes.

PROGRESSOS - Segundo o sociólogo e consultor, "a raiz dessa mudança" está na revolução social e cultural a partir da década de 1960. "As jovens daquela época lutavam pela igualdade com os homens e acabaram com o estigma de que lugar de mulher era em casa e passaram a educar suas filhas para pensar em uma carreira", diz.

FUTURO - O consultor de recursos humanos da Álamo Consultoria Pedro Cesar Álamo lembra que, atualmente, "as mulheres têm se dedicado muito aos estudos, tanto é que o índice do público feminino nas faculdades é maior do que o masculino. Apesar de ainda ganharem menos, o futuro é promissor para elas".

Fernandes acredita que é necessário adaptar o mercado de trabalho e as políticas sociais aos valores e limitações próprios das mulheres e dos homens.

"As mudanças nos arranjos familiares, com mais mulheres chefes de família, o tempo médio de estudo do público feminino e o percentual crescente das que entram no mercado de trabalho são algumas das principais mudanças registradas entre 1998 e 2008, o que mostra que o futuro é promissor neste aspecto", avalia o consultor.




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