Encerrado mais um ano de trabalhos legislativos em São Bernardo, o vereador Marcos Lula (PT) reedita desempenho pífio na Câmara, sem apresentar projetos, fazer uso da tribuna ou mesmo centralizar discussões entre os parlamentares. Atuação idêntica foi detectada em 2013, seu primeiro ano de mandato.

A despeito da postura de seu pai, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-2010), reconhecido como líder carismático e detentor de oratória enfática, Marcos expõe postura introspectiva, fugindo dos holofotes. Nem mesmo a função de líder da bancada petista, exercida durante todo o segundo semestre, fez com que o parlamentar conseguisse impor voz ativa em discussões centrais, como a eleição para a presidência da Câmara, cujo o PT sofreu enorme desgaste para garantir o pleito de José Luiz Ferrarezi (PT), recorrendo, inclusive, a Lula. “Esse debate é de responsabilidade do líder do governo (José Ferreira, do PT). Não cabia a mim”, justifica.

O episódio foi emblemático. Temendo não evitar que um parlamentar de fora do partido assumisse o comando da Casa, os petistas recorreram ao ex-presidente, que dois dias antes havia se reunido com vereadores, deixando instruções para garantir a vitória. Na ocasião, Ramon Ramos (PDT) despontava como favorito para o êxito.

Diferentemente do ano passado, quando justificou “falta de experiência” para a inércia na elaboração de matérias, o filho de Lula, desta vez, recorre à descentralização de seu trabalho e destaca sua atuação por aprovar propostas do governo do prefeito Luiz Marinho (PT). “Não adianta eu chegar lá na tribuna e falar às pessoas, que são, na verdade, assessores e amigos de outros políticos. O maior papel de um vereador é estar na rua junto com a população, buscando resolver seus problemas perante o Executivo. Ficar só falando e trabalhando aqui na Câmara, acredito que não ajuda em muita coisa”, argumenta ele.

Debutante na Casa, Marcos garante ter participação ativa na criação de matérias junto ao Paço. Mesmo sem exemplificar uma delas, o petista enfatiza ter preferência por trabalho conjunto. “Acho difícil hoje passar projeto de um vereador. A Prefeitura tem mais respaldo jurídico. Muito mais do que temos. Então, a ação consiste muito mais em dar suporte”, comenta o parlamentar, que ainda enfatiza ver seu desempenho como “positivo” na Casa.

HISTÓRICO
Marcos Lula é fruto do primeiro casamento da ex-primeira-dama do Palácio do Planalto Marisa Letícia e é reconhecido como filho pelo ex-presidente.

Em 2012, foi eleito vereador, totalizando 3.882 votos em sua segunda empreitada eleitoral. Ele já havia disputado o cargo em 2008, quando teve o registro impugnado pela Justiça Eleitoral, que considera inelegíveis parentes até segundo grau do presidente da República, naturais ou por adoção. Na ocasião, Lula exercia o segundo mandato à frente do posto máximo de Brasília.