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Faltam pediatras no PS de S.Bernardo

Aos fins de semana, pais fazem via sacra por
unidades de Saúde em busca de atendimento

Natália Regazzo
Do Diário do Grande ABC
22/12/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Quem precisou de pediatra no PS (Pronto-Socorro) Central de São Bernardo ontem deu com a cara na porta. Atendente garantiu que a especialidade não é encontrada no hospital aos fins de semana há pelo menos três meses. O informe veio acompanhado de papel com quatro endereços onde as crianças poderiam ser atendidas na cidade. Em pelo menos dois também há falta de médicos em alguns horários. Os motivos seriam a insatisfação com a qualidade das unidades de Saúde e a falta de reajuste salarial.

A dona de casa Cristina Maria Soares, 31 anos, procurou o PS Central há 20 dias porque a filha estava com dores no estômago. Como não conseguiu ser atendida, buscou socorro na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alvarenga, onde a pequena ficou internada por duas semanas para fazer exames com suspeita de infecção bacteriana. Ela foi liberada com a condição de que teria de realizar endoscopia, mas só há vagas para março. “Meu marido sustenta a casa e sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Não tenho dinheiro para fazer (o exame) no particular porque custa R$ 3.000. Minha filha continua com dores e não dá para contar com o PS Central. É um descaso com a população.”

A doméstica Ana Rosa da Silva, 34, levou ontem o filho Luan Júnior, 8, com tosse há mais de cinco dias, para ser atendido no local. Ele não recebeu os cuidados necessários. “É um absurdo. Não se pode mais ficar doente. Já tentei ir à UPA da Vila São Pedro há algum tempo, mas lá também falta pediatra”, afirma a mãe, que estava com a pequena Ana Luiza, 5 meses, no colo. Indignado, o pai, Luiz Antônio Veras, acredita que a Saúde está muito precária na cidade.

Quando há médicos, no entanto, a demora no atendimento é grande. É o que diz o encanador Valdeir José da Silva, 25. Há um mês ele levou Emily, 2, para o hospital porque ela estava com tosse. Esperaram a consulta das 22h30 às 4h. Já ontem ela estava vomitando e sem comer, mas o pai precisou procurar outro lugar. “Não sei o que fazem com tanto dinheiro. É só reforma, mas na hora que precisamos cuidar da Saúde, não temos nada.”

O Diário foi conferir se as quatro UPAs indicadas como alternativas para o atendimento de pediatria no PS Central estavam em funcionamento.

As unidades do Silvina e Rudge Ramos contavam com o profissional. Já na Vila São Pedro, o plantão da pediatria iria até as 18h. No bairro Alvarenga, a certeza era até as 19h, “depois seria importante ligar para confirmar”, segundo uma funcionária.

O problema estaria ocorrendo porque os médicos estão insatisfeitos com as condições de trabalho. Eles apresentaram carta à Secretaria de Saúde reivindicando melhorias nas unidades e atualização salarial, já que estariam sem receber aumento há seis anos. Segundo os pediatras, 17 deles deixaram São Bernardo neste ano.

A Prefeitura não foi localizada para responder as denúncias até o fechamento desta edição.  




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