Setecidades Titulo Emoção
Almoço marca reencontro entre pai e filha após 30 anos

Apenas 35 quilômetros separavam Lilian Machado Chaves, de S.Bernardo, de Lídio Gonçalves Chaves, que vive em Mauá

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
20/12/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


A auxiliar de produção Lilian Machado Chaves, 40 anos, recebeu seu presente de Natal, faltando seis dias para a celebração do nascimento do menino Jesus. A moradora do bairro Cooperativa, em São Bernardo, reencontrou o pai, o azulejista Lídio Gonçalves Chaves, 63, após 30 anos, em almoço na tarde de ontem.

Pai e filha perderam o contato quando Lídio deixou a família na pequena cidade de Poções, na Bahia, em busca de emprego e melhores condições de vida em São Paulo. “A última vez que o vi foi em um velório de uma tia minha, quando eu tinha 10 anos. Carregava comigo essa vontade de reencontrá-lo e pensava nisso todos os dias”, lembra Lilian.

O desejo de rever o pai fez com que a auxiliar de produção procurasse ajuda do consultor social de São Bernardo Nilson Pereira de Barros, 46 anos, três dias antes do reencontro. Ela não imaginava, no entanto, que estava a apenas 35 quilômetros de distância do pai, que mora no Jardim Éden, em Mauá. “Não pensava que seria tão rápido. Foi um presentão de Natal. Tremi toda quando percebi que meu sonho estava se tornando realidade.”

A auxiliar de produção não cansava de repetir sobre quantas vezes pensou no pai, imaginando que ele poderia estar próximo. “Todas as vezes que eu ia para Mauá fazer tratamento em um hospital de lá, ficava imaginando que meu pai poderia estar por perto.”

Lilian é filha de Lídio com a dona de casa Maria Ribeiro Machado, 55, sua primeira mulher. Os dois são naturais de Poções, na Bahia, e vieram para São Bernardo ainda adolescentes movidos pela esperança de prosperar. Com o início das dificuldades financeiras e conflitos familiares, o casal resolveu retornar para sua cidade natal para trabalhar na lavoura de feijão quando Lilian tinha apenas 6 meses. “Era uma vida muito sofrida, sem estudo e sem profissão, por isso decidi voltar para São Paulo e deixar as duas lá na Bahia com o meu pai”, lembra o azulejista.

Embora a vida de Lídio tenha tomado outros rumos – ele casou-se novamente e teve outros quatro filhos –, a lembrança da primogênita permaneceu, segundo ele. “Nunca esqueci da minha filha. Guardo fotos e até o registro de nascimento dela. Estava só esperando ela me ligar”, revela.

A mãe de Lilian também se casou novamente e, há cerca de 20 anos, a auxiliar de produção ganhou um padrasto. “Embora ele seja uma ótima pessoa e eu goste muito dele, não consigo chamá-lo de pai. Passei anos chorando pelos cantos por querer reencontrar meu pai”, confessa.

Durante o almoço de reencontro, ambos fizeram planos para reunir a família. Lilian quer apresentar os netos e o marido a Lídio e também conhecer os irmãos e sobrinhos. “Sempre ficava emocionada com aquelas reportagens sobre famílias que voltaram a se ver depois de anos e hoje (ontem) é a minha vez”, destaca.

SHERLOCK

Nilson se orgulha por este ser o sexto caso em que ele ajuda famílias da região a se reencontrarem. “É uma honra e satisfação fazer esse trabalho. Não tem dinheiro que pague ver essas cenas”, considera.

Para 2015, o Sherlock Holmes do Grande ABC tem meta de promover um reencontro por mês. “Tenho 14 casos pendentes. Precisei dar uma parada no trabalho porque tive problemas familiares, mas no próximo ano estou de volta”, anuncia. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;