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Garoto de Mauá supera barreiras para realizar sonho

Deficiente visual, Nickollas Grecco, 8 anos, vai disputar no sábado a São Silvestrinha, versão mirim da tradicional prova de corrida de rua

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
18/12/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Tímido à primeira vista, escorado, praticamente escondido debaixo das asas da mãe coruja, o mauaense Nickollas Grecco, 8 anos, chegou ontem pela manhã ao Ribeirão Pires FC. Mas bastou ao garoto pôr os pés na pista de atletismo para começar a se soltar. Sob o comando do professor Fábio Mantovani Adriano e os gritos de incentivo da mãe Silvia Grecco, o atleta mirim realizou o último treino preparatório para a São Silvestrinha, versão voltada aos jovens entre 6 e 16 anos da tradicional São Silvestre, que será disputada sábado, no Centro Olímpico do Ibirapuera.

Após breve aquecimento, lá estavam Nickollas e Fábio unidos pela guia obrigatória em provas deste tipo. Isso porque o jovem garoto é deficiente visual – tem retinopatia (não teve formação da retina). Mas nada que o impeça de ser um esportista, afinal já praticou judô, surfe e atualmente, além do atletismo, treina natação.

Nickollas não é filho biológico de Silvia. Prematuro (nasceu no quinto mês de gestação), foi adotado aos quatro meses de idade e, desde então, se transformou no xodó da família Grecco, que acompanha de perto os passos esportivos do garoto. E não será diferente neste sábado. “Já tem excursão pronta para ir assisti-lo. Madrinha, padrinho, irmã, tios. Toda a família incentiva muito. Ele foi participar de uma escola de surfe na Praia da Baleia e fomos em 30 pessoas. E foi muito bacana porque ficou firme na prancha”, conta a mãe.

Em poucas palavras, o garoto expôs as expectativas para a participação na São Silvestrinha – sua faixa etária prevê percurso de 60 metros. “Correr rápido para ganhar a medalha”, diz Nickollas, que sonha alto. “Vou querer correr na São Silvestrona também”, revela o jovem, adequando o nome da tradicional prova. Afinal, se a referência no diminutivo é para crianças, no aumentativo é para adultos. Genial!

E tal afeição pelo esporte faz a mãe pensar no futuro do garoto. “É algo que está sendo importante no desenvolvimento dele. Não sei se vai seguir no atletismo, natação, judô ou surfe. Mas alguma coisa ligada ao esporte vai ser”, conclui Silvia.

Mãe escolhe atividade para ajudar filho a se desenvolver

A intenção de Silvia Grecco ao contratar o professor Fábio Mantovani para trabalhar com o filho Nickollas visava melhorar o desenvolvimento do garoto. Um ano depois, porém, o profissional viu amadurecimento tão grande no jovem que sugeriu a inscrição na São Silvestrinha, prova que acontece neste sábado, na Capital.

“Ele (Nickollas) tinha lentidão de aprendizado por conta da deficiência e, de repente, vem se desenvolvendo bastante por meio dos esportes”, contou a mãe. “Começamos com atividades corporais para se soltar mais no dia a dia. Como teve desenvolvimento legal, fiz essa proposta de inscrevê-lo para participar”, explicou o professor.

Segundo Fábio, que é instrutor da APADV (Associação de Pais e Amigos e Deficientes Visuais) de São Bernardo, a iniciação no processo de treinos é facilitada a partir da força de vontade da pessoa. No caso, Nickollas. “Existe muito medo de cair, de se machucar, de não aceitar, se traumatizar. Mas é um processo natural. Tem de passar por isso. A motivação tem que estar na frente de tudo. A partir daí, faz coisas que nem ela acredita.”

E o professor acredita num potencial de futuro no esporte para Nickollas. “As coisas têm de acontecer naturalmente”.




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