Setecidades Titulo Violência
Polícia resgata jovem de Diadema em cidade baiana

Moradora tem 20 anos e era mantida em cárcere privado pelo companheiro, que a agrediu diversas vezes

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
17/12/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


Uma jovem de 20 anos, moradora de Diadema, viveu meses de tensão na Bahia, onde deveria ter ido passear e conhecer a família do então namorado Diego Mota, 25. Ela foi mantida em cárcere privado, vítima de constantes agressões do companheiro, e não conseguia retornar à região. Ao receber a denúncia, a Polícia Civil localizou o casal em dois dias e trouxe a moça de volta à cidade, onde a família e o filho de 1 ano a aguardavam.

A jovem conheceu o companheiro pela internet quando ele morava em um bairro próximo ao dela, ainda em Diadema. “Começamos a conversar e nos aproximar e ele me pediu em namoro. Alguns meses depois ele me chamou para morar junto com ele e aceitei.”

Porém, logo que se mudou, aconteceu a primeira agressão. “Por causa de ciúmes ele me bateu com um cabo de vassoura, mas desculpei ele.”

Em agosto, Mota comunicou a namorada que iriam até a cidade de Serrinha, na Bahia, para que ela conhecesse a sua família. Durante os primeiros três meses, tudo correu bem, de acordo com a jovem. “Estava tudo certo e a família dele me tratando muito bem. Depois de um tempo, comecei a querer voltar para Diadema e comentei com a minha prima, pelo Facebook. Ele viu a conversa, brigou comigo e me agrediu a tapas.”

Ela não conseguiu mais entrar em contato com a família. Foi proibida de mexer em qualquer telefone ou computador e de sair da casa sem ele. Depois disso, vieram mais três agressões físicas. “Em uma das vezes ele me colocou para fora de casa e eu sai correndo até a rodoviária. Lá peguei um celular emprestado e liguei para a minha avó, pedindo para que ela comprasse uma passagem de ônibus. O padrasto dele me encontrou e disse que eu tinha que voltar, senão eles viriam me buscar em Diadema.”

O sofrimento só teve fim quando a mãe da moça foi até a Delegacia da Mulher de Diadema para relatar o que aconteceu. A única informação que ela tinha era o primeiro nome do genro.

Conforme a delegada titular Renata Lima de Andrade Cruppi, em dois dias a Polícia Civil conseguiu localizá-los. “Fizemos uma ponte com a delegacia da área e fomos garimpando até conseguir o endereço. Me senti na obrigação de agir neste caso e rapidez é fundamental para que o pior não aconteça.”

A vítima não assumiu que sofreu agressões enquanto estava na Bahia por medo. Porém, ao chegar a Diadema no domingo, após longa viagem de ônibus, contou tudo. Ela prestou depoimento na tarde de segunda-feira e na manhã de ontem fez exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico-Legal). “Ele tinha sido liberado, porque ela não quis denunciar. Mas, hoje mesmo (ontem), vou mandar os documentos que devem garantir a prisão temporária”, disse Renata.

Segundo a delegada, a história tem protagonistas típicos dos casos de violência contra a mulher. “É um ciclo que está instalado e só quem está de fora consegue ver isso e quebrar. As vítimas, na maioria das vezes, não denunciam porque acreditam que o agressor é uma boa pessoa e vai mudar. As jovens acabam se sentindo protegidas quando estão com homens como esse.”

Mota já cumpriu pena em regime fechado em Diadema por roubo. A vítima afirmou que não deseja nada de ruim para ele. “Uma parte de mim ainda gosta dele, mas sei que estou segura aqui.”

Depois dos momentos ruins que passou, a moça só pensa em matar as saudades da família, principalmente do filho de 1 ano. “Senti muita falta dele e estou feliz por estar de volta. Ano que vem vou terminar o Ensino Médio e quero estudar para ser pediatra porque gosto muito de bebês.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;