O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), se utilizou da influência e prestígio político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para impor a vitória de José Luís Ferrarezi (PT) na eleição para presidência da Câmara. Ferrarezi foi eleito ontem para comandar o Legislativo a partir de janeiro, com 18 votos favoráveis, contra oito do oposicionista Osvaldo Camargo (PPS).

No sábado, Marinho levou vereadores do PT para uma chácara no Riacho Grande para almoço com Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ficaram lá por sete horas. Oficialmente, petistas garantem que o pleito ao Legislativo não esteve à mesa. Entretanto, foi ali que o chefe do Executivo deu cartada mais alta para desarticular o projeto de Ramon Ramos (PDT).

O pedetista queria ser presidente da Casa e se valia de promessa do prefeito de revezamento no comando da Câmara. Em 2013, Marinho pediu voto de confiança em Tião Mateus (PT) em troca do apoio futuro a um parlamentar da base aliada. O chefe do Executivo recuou na promessa e trabalhou pela vitória de Ferrarezi, já vislumbrando estratégia para eleição de 2016, quando terá de indicar seu sucessor ao Paço.

Integrantes da base de sustentação, os comunistas José Walter Tavares e Martins Martins lançaram candidaturas próprias para evitar votar em Ferrarezi – Tavares e o petista têm rixa pessoal desde a época em que o petista era secretário de Esportes. Foram os únicos a não ratificarem o nome do petista. Até Ramon Ramos aprovou a indicação.

Horas antes da votação, porém, a base aliada se reuniu com Marinho. Ramon tinha oito votos contabilizados. Insuficientes para convencer o prefeito a mudar de opinião. Apesar do bate-boca, prevaleceu a vontade do chefe do Executivo, que não foi à reunião do Consórcio Intermunicipal, marcada para o mesmo horário, para acompanhar a votação na Câmara.

Como prêmio de consolação, Ramon foi indicado para a primeira secretaria. Mauro Miaguti (DEM) será vice-presidente e Rafael Demarchi (PSD), segundo secretário. “Encaro de maneira natural e me sinto honrado de ter tido meu nome levantado, com votos expressivos para essa disputa. E fiquei muito satisfeito com o cargo de primeiro secretário”, contemporizou Ramon.

A despeito de toda disputa interna, Ferrarezi tentou colocar panos quentes para evitar que a tensão da eleição à mesa diretora contamine as votações de projetos de lei. “Não serei um presidente voltado para o PT. Vou valorizar o trabalho da base aliada e todos.”