Economia Titulo Faturamento
Vendas das pequenas empresas recuam 4%

Desempenho neste ano até outubro se deve sobretudo ao peso da indústria na região

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/12/2014 | 07:29
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Claudinei Plaza/DGABC


A fraca atividade industrial no Grande ABC neste ano contribuiu para que as MPEs (Micro e Pequenas Empresas) chegassem, neste ano até outubro, com retração de 4,4% no faturamento real, ou seja, descontada a inflação, ante os números do mesmo período de 2013. Em outubro, os pequenos estabelecimentos da região registraram, ao todo, R$ 2,9 bilhões em receita e, nos dez meses de 2014, somaram R$ 24,5 bilhões, de acordo com a pesquisa.

O dado referente ao faturamento, que consta no novo levantamento realizado pelo Sebrae-SP, é bem pior do que o observado na média do Estado, onde as firmas de pequeno porte ficaram praticamente com estabilidade nas vendas: queda de apenas 0,2%.

A pesquisa aponta que as MPEs dos sete municípios também tiveram piora no nível de ocupação (ou seja, no número de pessoas empregadas) – com redução de 2,8% – enquanto na média paulista os números também ficaram estáveis: alta de 0,7%.

Os indicadores dos pequenos estabelecimentos da região refletem o peso da indústria, que não teve bom desempenho neste ano, assinala a consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar.

Um exemplo é o segmento de autopeças, um dos principais setores industriais do Grande ABC. O Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) projeta queda de 15,4% no faturamento real das fabricantes no ano todo em relação a 2013.

AUTOPEÇAS - Empresário do ramo, com fábrica em Mauá, Celso Cestari afirma que a realidade das pequenas indústrias de autopeças é ainda mais dramática do que o Sindipeças prevê, já que a entidade representa muitas grandes empresas do ramo. “Dispensei quase 40% dos funcionários e já tive retração de 20% na receita neste ano”, diz.

Vários fatores influíram para o resultado mais fraco em 2014, como a dificuldade de concorrência com os produtos chineses, por causa da falta de competitividade. Juros e carga tributária elevados, entre outros fatores, também atrapalham, avalia Cestari. Todo o segmento deve chegar ao fim do ano com deficit comercial (ou seja, importações maiores que as exportações) de US$ 10,04 bilhões.

Cestari assinala ainda que sua empresa, que fabrica peças para veículos pesados (caminhões e ônibus), sofreu também com as paradas das montadoras, que reduziram em 50% as encomendas, e com a retração de 20% no mercado de reposição (lojas e oficinas) neste ano. A fabricante, atualmente com 120 funcionários, dispensou 80 ao longo deste ano, para se ajustar à demanda e seguir operando.

PERSPECTIVA - O desempenho das MPEs dos sete municípios ao longo do ano já foi pior. No primeiro semestre, o recuo das vendas chegava a 10,2% ante os seis meses iniciais de 2013, e depois, a variação negativa foi ficando ligeiramente menor: queda de 7,8% de janeiro a julho; recuo de 7,2% no ano até agosto; e de 4,5% no acumulado até setembro.
No entanto, o faturamento de 2014 deve fechar em queda em relação a 2013. “(Para empatar) Só se a indústria melhorasse bastante, mas é difícil, já que o pico da produção normalmente é em setembro e outubro”, diz Letícia.
 




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