Notiluca é uma das espécies de fitoplâncton marinho, como são conhecidas as microalgas que são os pulmões do planeta por produzirem mais oxigênio do que todas as florestas juntas, segundo especialistas. Foi com essa inspiração sustentável que os sócios e amigos Fernando Rodrigues, 28 anos, Fábio Willers, 29, e Leonardo Valente, 24, estruturaram empresa com esse nome para a produção de armações de óculos de madeira certificada no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo.

O empreendimento, iniciado em novembro de 2012, depois de um ano de formatação de projeto, vai de ‘vento em popa’. A Notiluca deve fechar 2014 com faturamento quase três vezes maior do que em 2013. Chegará a R$ 2 milhões de vendas anuais, e produção de 1.300 peças por mês, duas vezes mais que o volume do ano passado. A expectativa é seguir em forte ritmo. “A ideia é dobrar esse número (de itens produzidos)”, afirma Rodrigues.

O sócio assinala que o intuito não foi só ganhar dinheiro com os óculos, mas também colaborar com o meio ambiente, já que a madeira é mais facilmente degradável na natureza do que o acetato (tipo de plástico bastante utilizado pelas indústrias do ramo), por exemplo. Além disso, o foco é construir uma marca e, para isso, oferecer não apenas um produto, mas design e características diferenciados, como um estojo de couro sintético feito a mão e lentes Carl Zeiss.

A rápida ascensão da fábrica com nome de alga até surpreendeu os empresários, que iniciaram a empresa de forma despretensiosa. Rodrigues cursava Design de Produto na Faap, em São Paulo, com o amigo Valente, que em oficina de madeira pegou um retalho e resolveu confeccionar par de óculos para dar para a namorada. “Ficou bem rústico, mas o pessoal começou a curtir e daí surgiu a ideia de montar uma empresa”, disse.

A partir de então, depois do convite feito a outro amigo, Willers, os três ficaram um ano estudando o mercado e investiram R$ 300 mil para se estruturarem. O início foi na sala da casa do tio de Valente, em São Paulo, e pouco tempo depois já foi necessário passar a lugar maior para conseguir atender a demanda. Morador de São Bernardo, Rodrigues explica que a escolha foi por imóvel no bairro Pauliceia, no município, já que a cidade tem muitos galpões e custo imobiliário um pouco menor do que a Capital. Porém, em março tiveram de realizar nova transferência de endereço, para o espaço atual no Rudge.

Hoje, a Notiluca já está presente em cerca de 110 lojas espalhadas por diversos Estados, com preços ao consumidor que variam entre R$ 410 e R$ 470. O projeto, para 2015, é chegar a todas as capitais e, também, em meados do ano que vem, atingir mercado Externo, inicialmente exportando para a América do Sul e depois para Estados Unidos e Europa.

A expansão passa também por contratações. Hoje são 13 funcionários na produção e mais quatro na área administrativa. Esse quadro deve aumentar para acompanhar o crescimento da demanda.

QUALIDADE - Rodrigues destaca que, apesar do diferencial sustentável e da novidade do produto, muita gente ainda fica na dúvida se o material não é mais frágil do que os de acetato ou os de metal, se pode molhar ou ficar exposto ao sol.

Ele explica que a armação de madeira recebe, no processo produtivo, tratamento superficial (revestimento) para ficar impermeável. Isso não significa que não se exija cuidados, mas faz a comparação entre um sapato e um tênis. “São características diferentes (em relação aos de acetato)”, diz.
Com a preocupação em oferecer design, a Notiluca tem marcado presença em exposições de moda – participou do São Paulo Fashion Week – e até em museus, como o MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro. Além disso, Rodrigues diz que outra frente que a empresa deve reforçar atuação em 2015 é no mercado de óculos de grau. “A ideia é ter mais produtos para receituário”, afirma.