Carlos Boschetti Titulo Análise
A corte e a realeza
Carlos Boschetti
20/11/2014 | 07:32
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Com a reeleição da presidente Dilma e o fim do atual mandato, teve início uma dança das cadeiras. Vários ministros voluntariamente entregaram suas respectivas cartas de renúncia, abrindo espaço para a composição do novo ministério a ser nomeado para um novo período de quatro anos, que tem como objetivo atender às aspirações de uma população cansada, dividida e alerta para as mudanças prometidas durante a campanha eleitoral. Nossa economia está paralisada. Nossas contas públicas permanecem fora de controle. Mas, a criatividade para aplicar o “jeitinho brasileiro” continua em alta. Tenta-se, mais uma vez, mudar a lei de responsabilidade fiscal no fim de ano e de mandato do Legislativo.

Muitas coisas estão por acontecer, principalmente nas articulações políticas para composição das bancadas do Congresso e do Senado. Os líderes dos partidos começaram as negociações para pleitear cargos na gestão pública federal que garantirão votos importantes na aprovação dos projetos enviados ao Congresso Nacional. Após tantos atos de escândalos que foram denunciados e apurados, a sociedade brasileira aprendeu o caminho da corrupção, começando exatamente pela indicação dos 39 ministérios e os 25 mil cargos de confiança que são nomeados pelo executivo. Essas pessoas têm acesso aos orçamentos públicos, onde os amigos da corte e as empresas que generosamente doaram milhões de reais para as campanhas possam participar dos velhos esquemas de concorrências públicas por meio de ofertas superfaturadas, que são coordenadas pelos amigos da realeza.

Essas articulações e favorecimentos entre os membros do primeiro escalão do governo, congressistas, assessores, empresas, construtoras, empreiteiras, empresas públicas e empresas de fachadas são utilizados em muitos governos, como é o caso do que vem sendo descoberto pela “Operação Lava a Jato”, realizada pela Polícia Federal e que envolve funcionários da Petrobras, empresas fornecedoras e de consultoria, lobistas, parlamentares, representantes de vários partidos políticos e assessores públicos. Este é mais um escândalo sem precedentes na história da república brasileira. Todos sabemos dos alvos preferidos do uso de dinheiro público. Os corruptores e os corruptos, que usam o tráfego de influência em nome de parlamentares, governantes e assessores conhecem os atalhos e utilizam com competência o poder.

As empresas estatais sempre foram e continuarão sendo alvo de ataques. As estruturas de gestão não são organizadas por gestores profissionais e sim por indicações políticas que formam a base aliada de partidos que apoiam o governo federal sem nenhuma habilidade com a missão e finalidade da companhia. A partilha dos cargos conforme acordos políticos demonstra nossa fragilidade democrática. Precisamos de pessoas que assumam a responsabilidade com determinação e inovem nossa administração pública tão arcaica, obsoleta e a desmotivada, moralizando as instituições, simplificando a vida dos empresários e a da população.

Como a esperança é a última que morre, vamos dar mais um voto de confiança para os novos nomeados para a gestão da democracia mais cara do planeta. Que nossas vidas no futuro sejam mais dignas, com benefícios proporcionais à carga tributária que castiga ainda mais as classes menos favorecidas. 




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