Política Titulo Alteração na regra
Marinho recua sobre 3º mandato

Prefeito de S.Bernardo articulava trocar estatuto do
Consórcio para ter segunda reeleição, mas volta atrás

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
19/11/2014 | 08:26
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Orlando Filho/DGABC


Depois de articular por aproximadamente um mês com os demais prefeitos por alteração no estatuto a fim de viabilizar seu terceiro mandato consecutivo à frente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), recuou e anunciou que não concorrerá ao cargo de presidente da entidade na eleição de janeiro.

O chefe do Executivo de São Bernardo buscava liderar o colegiado no ano que vem, em razão da destinação de R$ 2,1 bilhões em verbas federais prometidos pela presidente Dilma Rousseff (PT), para a realização de obras coordenadas pelo Consórcio.

A decisão foi anunciada ontem, em reunião extraordinária, convocada às pressas, menos de 24 horas depois de Marinho negar que estaria discutindo alterações no estatuto do colegiado para viabilizar a prática.
Assim como fez na segunda-feira, o chefe do Executivo são-bernardense voltou a atacar o Diário, desta vez em crítica direta ao diretor-presidente do jornal, Ronan Maria Pinto (leia nota ao lado).

Mesmo com a negativa em novo mandato, Marinho oficializou alteração no regimento da Casa, que agora prevê reeleição ilimitada aos gestores, a partir de 2017. Na atual legislação, o presidente só pode ser reeleito uma vez. O documento foi formalizado e será encaminhado aos Legislativos da região até dezembro.
Entretanto, prefeitos já adiantaram que Marinho retorna ao comando da entidade em 2016. A alegação é a de que o petista será o único que não disputará a reeleição ao governo de sua cidade.

“Fui convocado pelos seis prefeitos, que colocaram o desejo de que devêssemos mudar o estatuto para que pudesse ter o direito de concorrer ao terceiro mandato consecutivo. Quero registrar o meu agradecimento, de coração, aos companheiros. No entanto, minhas convicções democráticas me impedem de ser candidato novamente”, argumentou Marinho.

O prefeito de São Bernardo comparou sua situação ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, em 1997, articulou adesão da reeleição ao cargo máximo do País. “Minhas convicções democráticas apontam para a seguinte formulação: achava que o FHC teria de encaminhar a reeleição, mas não valer para ele, e sim para o próximo período. Para aqui também vale isso.”

Grana e Maranhão despontam como as principais alternativas

Prefeitos não esconderam surpresa com o fato de Luiz Marinho (PT) voltar atrás na decisão de presidir o Consórcio Intermunicipal pelo terceiro ano consecutivo. Porém, ontem mesmo iniciou-se diálogo para eleger o próximo presidente da entidade. Dois nomes aparecem com força nas bolsas de apostas: Carlos Grana (PT), de Santo André, e Gabriel Maranhão (PSDB), de Rio Grande da Serra.

Opção por Grana se justificativa pela manutenção do colegiado nas mãos de um petista, justamente no ano em que verbas do governo de Dilma Rousseff (PT) tendem a desembarcar no Grande ABC. Além de bom trânsito com demais gestores da região, o andreense conta com canal aberto na União, o que facilitaria o trâmite do aporte às sete cidades. Seria a volta de Santo André ao comando da entidade desde 2008, com João Avamileno.

Pesa contra Grana o fato de Marinho não querer ver emergir líder regional no PT. Caso os R$ 2,1 bilhões prometidos por Dilma se efetivem, o prefeito de Santo André naturalmente centralizaria as atenções e se encorparia politicamente no petismo do Grande ABC.

Maranhão tem a seu favor o fato de ter apoiado Dilma na eleição de outubro, algo que provavelmente vai lhe custar a permanência no PSDB – o Conselho de Ética tucano já recomendou a expulsão do prefeito do partido.

O chefe do Executivo de Rio Grande também serviria para ter mandato tampão, à espera do retorno de Marinho em 2016, obedecendo às orientações do petista, até mantendo servidores trazidos por Marinho em cargos estratégicos.
Fatores negativos de Maranhão são justamente a falta de protagonismo entre os prefeitos da região e a instabilidade política com sua iminente expulsão do PSDB.
 
Nota do presidente

Infelizmente, o prefeito Luiz Marinho insiste em provocações gratuitas ao Diário ao ser confrontado com temas espinhosos a ele e parte para agressões pessoais, sem qualquer respeito a quem quer que esteja ao seu lado. Ontem deu mais uma demonstração de sua intempestividade. Ao citar meu nome e tentar imputar a mim responsabilidade que nem de longe passa por minhas atribuições diárias – já que estou mais preocupado com o gerenciamento de minhas empresas e o rumo que está tomando a Economia do País –, Marinho se apequena e desrespeita, mais uma vez, uma instituição de 56 anos que tem como principal objetivo os interesses da região. Ronan Maria Pinto não é maior que o Diário do Grande ABC. E Luiz Marinho não é maior que a Prefeitura de São Bernardo. Quer queira o prefeito ou não.

Ronan Maria Pinto, diretor-presidente do Diário




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