Economia Titulo Preconceito
Salário dos negros na região é 38,2% menor

Isso se comparado ao rendimento pago aos não negros; diferença no valor da hora trabalhada é de R$ 5,15

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
19/11/2014 | 07:20
Compartilhar notícia
Divulgação


O salário dos negros no Grande ABC é 38,2% menor do que o montante pago aos não negros (brancos e orientais). O valor da hora trabalhada dos negros é, em média, de R$ 8,33, enquanto o dos não negros é de R$ 13,48. Diferença de R$ 5,15. Os valores correspondem a julho deste ano.

Os dados foram extraídos da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do Seade/Dieese. O levantamento, domiciliar, inclui todo tipo de emprego, inclusive autônomo.

Significa dizer que o rendimento do negro equivale a 61,7% do total pago ao não negro. Dez anos atrás, entre 2003 e 2004, a situação era bastante semelhante, e o pagamento do negro equivalia a 60,7% do não negro.

“Houve uma melhoria da condição do negro no mercado de trabalho. Mas fortes diferenças ainda perduram”, afirma Ana Maria Belavenuto, pesquisadora do Dieese. “A distância entre os rendimentos só diminuiu, no entanto, devido ao fato de a renda do negro ter crescido mais do que o do não negro”, destaca.

Em comparação ao biênio 2010/2011, o salário do afrodescendente cresceu 14,6%, descontada a inflação, enquanto o de brancos e orientais, 11,2%. “Apesar do avanço, isso não é suficiente para eliminar a desigualdade”, diz Ana Maria. A divergência entre as rendas se deve, em parte, ao fato de os negros conseguirem empregos que exigem menor escolaridade e, portanto, remuneram menos. A pesquisadora do Dieese afirma que apenas o crescimento da economia é insuficiente para sanar a situação, que vem de dificuldades históricas. “Para gerar mais justiça social é necessário melhorar as políticas públicas.”

Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho Igualdade Racial, Thiago Pereira de Araújo, uma das formas mais eficazes de conscientização é promover mudanças na educação. “As crianças já crescem entendendo que o negro é inferior. Culturalmente o negro é aquele que serve para o trabalho braçal, pois é forte e tem menor escolaridade. Mas isso vem mudando. Não aceitamos mais ser menosprezados. E as cotas têm ajudado no ingresso em universidades. A Ufabc (Universidade Federal do ABC) é um exemplo. Hoje vemos muitos negros estudando lá.”

DESEMPREGO - O desemprego entre os negros diminuiu, mas eles ainda são maioria entre as pessoas que estão em busca de ocupação. Entre 2003/2004, o percentual dos afrodescendentes sem emprego era de 24,1%, que caiu para 11,3% no biênio 2012/2013. O total de brancos e orientais recuou de 17% para 9,7%. Na comparação com o período 2010/2011, o desemprego entre os negros era de 12,8% e, o de não negros, 9,6%.

“Onde mais se reduziu o desemprego foi entre jovens e pessoas com Ensino Fundamental incompleto. Essa condição decorre da melhor situação dos chefes de família, que permitiram a saída do jovem do mercado de trabalho para se preparar mais antes de buscar oportunidade”, explica Ana Maria.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;