Setecidades Titulo Milagres
Os milagres de Vanilda

Dançarina intercede principalmente por mulheres
e pode se tornar a primeira santa do Grande ABC

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
09/11/2014 | 07:01
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


A bailarina Vanilda Sanches Bébér nasceu em 3 de agosto de 1943 e morreu aos 15 anos, em 1958. Seu túmulo no Cemitério da Saudade, na Vila Assunção, em Santo André, é repleto de agradecimentos às graças alcançadas por diversos fiéis. Ela é uma das santas populares da região, mas sua família e seus adoradores atuam para que seja a primeira do Grande ABC a ser canonizada (leia mais ao lado).

A devoção pela jovem é antiga e, segundo a mãe, Eunice Pereira Sanches, 94 anos, começou logo após sua morte. “Antes da missa de sétimo dia todos que eu conhecia começaram a sonhar com ela. Logo depois, percebemos que saía água do túmulo, e foi aí que começaram a fazer os pedidos. Conforme eles foram sendo atendidos, as pessoas me procuravam para contar.”

Precoce, Vanilda começou a se destacar pela alegria e talento para a dança na escola aos 9 anos. Segundo a mãe, os vizinhos e amigos a chamavam para animar as festas de aniversário e reuniões. “Aos 10 anos, ela passou em primeiro lugar em um concurso de dança para uma escola no Centro de São Paulo. E de tão rápido que foi se aperfeiçoando, começou a dar aulas. Era caprichosa e esforçada, sempre fazia todas as roupas que usava para dançar.”

Aos 14 anos, Vanilda conheceu o marido e se casou. Segundo a mãe, uniões nessa idade eram comuns na época. Além disso, como o pai era rígido, o namorado acabou por pedir a mão dela.
Durante o matrimônio, a bailarina começou a se aperfeiçoar cada vez mais nos bordados e passava as noites em claro, enquanto o marido não voltava da rua. “Ela fingia que era feliz, mas no fundo eu sabia que não. Ele não a tratava bem. Depois da morte dela, ele se mudou para o Interior e nunca mais nos falamos”, relatou Eunice.

A causa da morte da bailarina, que estava grávida, foi uma crise de apendicite aguda. “Só Deus sabe o quanto eu chorei e sofri pela perda dela.”
Vanilda acabou virando intercessora das noivas que querem um bom casamento. A mãe já recebeu mais de 100 vestidos de quem conseguiu alcançar a tão sonhada união.

Porém, a milagreira também não esquece daquelas que querem se livrar de um matrimônio ruim, como a aposentada Neusa Escapulatempo, 74. “Estava com o enxoval pronto para casar, até mesmo os convites estavam impressos. Mas algo me dizia que meu futuro marido não era boa pessoa e eu vivia rezando para que Vanilda me desse um sinal. Ganhei uma foto da avó dela e a mantinha na minha penteadeira”, disse.

Na casa nova, que era alugada, Neusa comeu um bolo oferecido pela proprietária. Começou a passar mal e foi para o hospital. Segundo ela, ficou tão ruim que começou a perder a visão e os movimentos das pernas. “Foi então que um médico disse aos meus familiares que me levassem a um centro espírita, pois algo havia sido feito contra mim. Assim que o médium me viu, comecei a me recuperar”, relatou.

A surpresa veio quando a família foi até a casa alugada e encontrou o noivo de Neusa na cama com a filha da mulher que preparou o bolo que ela havia comido. “A Vanilda me devolveu a saúde e me mostrou que ele era uma pessoa ruim. Desde então, não quis mais arrumar homem, estou feliz, saudável e solteira.”

Apesar dos relatos das noivas, as graças não são exclusivamente ligadas ao casamento. Odila Garcia Tiburcio, 61, pediu pela solução de um inventário travado há 23 anos. “Agora só falta assinar os papéis. Agradeço muito a Deus e à Vanilda por isso.”

Já Terezinha Vilma Delponte, 74, pediu por um processo do filho, caso atendido e que garantiu uma plaquinha no túmulo de Vanilda. “Hoje espero outra graça, pela saúde de um bebê de uma amiga. Tenho muita fé que ela vai ajudar.”

Eunice tem certeza que a filha é especial e realiza milagres, mas sem privilegiar ninguém. “Ela ajuda a todos, como fazia em vida. A única coisa que pedi foi paz para os que rezam por ela”, afirmou.

Família luta para apresentar processo de canonização

A família de Vanilda guarda os objetos pessoais da jovem, além de fotos e relatos dos fiéis. A responsável pelo acervo é a sobrinha dela, a dona de casa Vanessa Cristina de Oliveira Arias, 27 anos.

Mesmo que os primeiros milagres tenham ocorrido desde a data da morte de Vanilda, a documentação foi iniciada há pouco mais de um ano. “Tinha conversado com o antigo pároco da Igreja do Carmo e ele disse que eu deveria documentar tudo. Deixei um livro no cemitério para que as pessoas escrevessem os milagres e deixassem seus contatos.”

Apesar de ter média de 50 casos documentados, como o padre foi fazer um curso na Itália, Vanessa aguarda reunião com o atual pároco para saber quais serão os próximos passos. “Pelo que ele tinha me dito, a Diocese entraria em contato com essas pessoas.”

O padre Tiago Silva, diretor de comunicação da Diocese de Santo André, explicou que o processo é longo. “O primeiro estágio é a reunião de provas e o acompanhamento da Igreja Católica. Pelo que sei, ainda não existe nenhum processo veiculado à Diocese. Só depois do aval do bispo dom Nelson Westrupp é que a documentação segue para o Vaticano.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;