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Pais esperam menos na fila da adoção em S.Bernardo
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
03/10/2010 | 07:13
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O trabalho de sensibilização com pais interessados em adoção realizado pela Justiça de São Bernardo tem diminuído a espera das crianças abrigadas por um novo lar. De acordo com o juiz da Vara da Infância e Juventude, Luiz Carlos Ditommaso, os casais da cidade tornaram-se menos exigentes quanto ao perfil dos futuros filhos.

Em todo o País, a maioria dos interessados espera anos na fila por bebês do sexo feminino, brancos e de até 6 meses de idade. Já em São Bernardo, crianças consideradas ‘velhas', de até 4 anos, que perderam vínculos com a família de origem, são bem aceitas.

"Quanto mais a pessoa restringir o perfil, mais tempo vai esperar na fila da adoção, que pode chegar a quatro anos nos casos de maior exigência. No município houve caso em que o processo durou seis meses. Por que não adotar uma de 8 anos ou até mais?", questiona Ditommaso.

Desde março, para atender a nova Lei de Adoção, em vigor desde o final de 2009, a Vara da Infância e Juventude de São Bernardo instituiu os cursos preparatórios. Segundo os parágrafos 3 e 4 do artigo 50 (Lei 12.010), a adoção deve ser precedida de preparação psicossocial e jurídica e orientação realizada pela equipe técnica formada por assistentes sociais e psicólogos.

Em São Bernardo, Ditommaso estima que até agora 170 pessoas passaram pelos cursos, ministrados pelo próprio juiz, que esclarece dúvidas no processo de adoção. Os interessados passam a integrar o Cadastro Nacional de Adoção, que unificou a lista de meninas e meninos abrigados em todo o País.

Para efetivar o cadastro no município é preciso passar pelo processo que começa nas seções técnicas de Assistência Social e Psicológica do Fórum de São Bernardo (Rua 23 de maio, 107, Vila Teresa), das 12h30 às 19h.

Os interessados realizam três etapas iniciais: reunião no GEAA (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de São Bernardo), entidade que atua na área desde 1999; visita à entidade de acolhimento indicada pelo juiz da comarca e o curso de um dia onde são abordados os aspectos psicológicos, sociais e jurídicos que envolvem a adoção.

"Há quatro anos, bem antes da lei entrar em vigor, já procedemos dessa maneira em São Bernardo. Exijo que os candidatos visitem instituição onde há crianças mais velhas, negras e pardas, com irmãos, para sensibilizá-los sobre a realidade dos pequenos que esperam ser adotados", explica Ditommaso.

Por fim, para terem o cadastro aprovado, o Ministério Público se manifesta e os interessados passam por avaliação psicossocial, feita por equipe técnica capacitada.

As três etapas preparatórias para o cadastro são realizadas dentro de três meses, em média, dependendo da agenda das entidades e da data do curso. Os próximos até o final do ano já estão marcados: dias 22 de outubro e 26 de novembro.

Em São Bernardo há cerca de 190 menores de 18 anos vivendo nos abrigos. Mas boa parte delas estão em situação jurídica indefinida.

"São crianças retiradas de lares com problemas sérios, com pais envolvidos com uso de droga e criminalidade. Estamos finalizando levantamento sobre situação de cada uma para chamar as famílias e tentar a reintegração. Somente em último caso, quando não é possível o retorno dessa criança ao núcleo de origem, é que incluímos na fila da adoção. Mas antes temos de esgotar todas as possibilidades de reaproximação", explica Ditommaso.




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