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Em Mauá, família reclama da ausência de neurologista

Adolescente grávida foi ao Nardini com fortes dores de cabeça, mas hospital não tem especialista

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
23/10/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Prestes a completar nove meses de gestação (no próximo dia 28), uma jovem de 17 anos, moradora do Jardim Zaíra 2, em Mauá, começou a sentir fortes dores de cabeça na terça-feira e foi até o Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, situado na mesma cidade, com a esperança de se consultar com um neurologista que avaliasse o problema. No entanto, ela e a família se surpreenderam com a informação de que o local não disponibilizava especialista desta área.

A adolescente, então, foi medicada, mas como não houve melhora, a unidade hospitalar optou pela internação. “Desde sexta-feira ela está internada, mas só na terça-feira fizeram uma tomografia”, falou a prima da paciente Joyce Nunes Alves, 25. Segundo a família, o exame foi analisado por uma obstetra.

A preocupação pela ausência de um neurologista se fortalece com episódio ocorrido há cinco anos. Os familiares contam que o pai da jovem, após sentir intensas dores na cabeça, também foi ao Hospital Nardini. De acordo com os relatos, após muita insistência, foi submetido à tomografia, mas os médicos teriam dito que ele não tinha nada. Ele acabou morrendo, aos 37 anos, e no laudo do óbito foi apontado que o paciente estava com água e um sangramento no crânio.

“Minha prima sentiu dores de cabeça durante a gravidez e agora ela também está com inchaço. Estamos preocupados”, falou Joyce. Inchaço nas mãos, no rosto e nos olhos, acompanhado de dor de cabeça, pode ser sinal de pré-eclâmpsia (hipertensão na gravidez).

Procurada para comentar o caso, a Prefeitura de Mauá informou que a paciente está clinicamente estável e que a unidade realiza todos os exames complementares necessários para sua condição, além de a jovem permanecer sob cuidado das equipes de obstetrícia e clínica médica.

A administração ressalta que o hospital não consta na grade de referência do Grande ABC como serviço de neurologia/neurocirurgia e, por essa razão, não possui tais profissionais em seu quadro.

“Esclarecemos que, quando há necessidade, o que não é o caso da jovem, os pacientes com demandas neurológicas/neurocirúrgicas importantes – cujo saber do especialista se torna imprescindível – é feito encaminhamento para avaliação e conduta externa nos serviços de referência regionais/estaduais”, concluiu, em nota. 




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