Economia Titulo Preços
Previa do IBGE da
inflação atinge 6,62%

Preços insistem em superar a meta do governo
federal e mantêm tendência dos últimos meses

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
22/10/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A prévia da inflação de outubro atingiu 0,48%. No acumulado de 12 meses, os preços subiram 6,62% e, mesmo igualando o resultado do mesmo período de 2013, ainda superaram o teto da meta do governo federal. 

Como ponto de equilíbrio para a economia, o governo entende que os preços podem subir, em média, até 4,5% em cada ano, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. No acumulado de 12 meses encerrados no mês passado, a inflação já mostrou que não se importa com esse limite, pois atingiu 6,75%.

As informações da prévia da inflação de outubro foram publicadas ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15). A base é de valores, para famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, coletados entre 13 de setembro a 13 de outubro e comparados com os dados de 14 de agosto a 12 de setembro.

O professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio disse que é necessária atenção em relação à inflação dos últimos três meses. “Fim de ano em geral tem muita compra, muito consumo”, observou o especialista, sinalizando o risco de estouro da meta.

 Na avaliação do professor de Economia Reginaldo Nogueira, do Grupo Ibmec, o IPCA-15 não apresentou novidades em relação ao caminho que a inflação tomou nos últimos meses. “A gente vai terminar o ano com a inflação resvalando no teto da meta”, opinou.

Nogueira destacou ainda que não fará muita diferença se a inflação de 2014 encerrar o ano em 6,4%, 6,5% ou 6,6%. Para ele, a credibilidade do BC (Banco Central) e suas definições já estão abaladas. “O que podemos esperar, apenas, é que o presidente do BC (Alexandre Tombini) publique a carta aberta”.  Na prática, Tombini deverá enviar uma carta pública para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, com as explicações sobre o descontrole da inflação. Desde a criação do sistema de metas de inflação, em 21 de julho de 1999, que tem como objetivo controlar a corrosão da moeda, o BC já enviou três cartas abertas ao Ministério da Fazenda, uma em 2002, outras em 2003 e 2004.

“Mas temos em mente o que ele deverá pontuar nela, principalmente a influência do mercado externo (cuja economia ainda não se estabilizou totalmente após a crise financeira iniciada em 2008 e continuaria prejudicando o Brasil)”, disse o professor do Grupo Ibmec.

Por nota, o coordenador de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves, destacou que dependerá da “condução” dos gastos públicos e estímulos à produção industrial, por parte do governo, para que os preços voltem para a margem da meta de inflação nos próximos meses. 

Carnes pesam no resultado de outubro

O grupo alimentação teve grande influência no IPCA-15 de outubro. O economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira, observou que um terço da alta, de 0,48% do indicador, é proveniente deste tipo de produto.

Conforme informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as carnes fizeram a maior pressão inflacionária no bolso das famílias no período analisado.

“Em outubro, os preços dos alimentos continuaram a subir e foram para 0,69%, após registrarem 0,28% em setembro. A alta foi influenciada pelas carnes, que ficaram 2,38% mais caras e tiveram o mais elevado impacto individual no mês, com 0,06 ponto percentual”, destacou o IBGE.

Apresentaram aceleração ainda os grupos habitação (0,80%), vestuário (0,70%), saúde e cuidados pessoais (0,37%) e despesas pessoais (0,40%). Por outro lado, tiveram desaceleração os grupos artigos de residência (0,13%), transportes (0,25%), educação (0,08%) e comunicação (0%).




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