Caiu na conta do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), o mau desempenho da presidente Dilma Rousseff (PT) no Estado no primeiro turno da eleição presidencial. A petista recebeu 4 milhões de votos paulistas a menos que Aécio Neves, candidato à Presidência pelo PSDB e seu rival no segundo turno.

Na semana passada, a cúpula petista em São Paulo se reuniu para avaliar a performance da candidatura do partido e traçar estratégia para recuperar terreno no maior colégio eleitoral do País. E o resultado da análise foi quase unânime: Marinho tem grande parcela de culpa pelo revés histórico.

Na ótica de líderes petistas, Marinho, como coordenador da campanha de Dilma no Estado, tirou demais o pé na empreitada do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo estadual e a derrocada petista em São Paulo contaminou o projeto de reeleição de Dilma. Neste segundo turno, está árdua a missão de reduzir a diferença de votos a favor do tucano.

Episódio marcante foi colocado à mesa na reunião do petismo: quando Padilha teve de fazer atividade eleitoral sozinho em São Bernardo, enquanto Marinho estava em Campinas, ao lado de Dilma – o candidato petista foi ciceroneado pelo secretário municipal de Segurança Pública, Benedito Mariano, e pelo irmão do prefeito, Brás Marinho, também presidente do PT local.
O chefe do Executivo de São Bernardo tem desejo de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2018 e nunca escondeu essa vontade no partido. Seu futuro político passava imediatamente por revés de Padilha nas urnas.

Porém, o ex-ministro da Saúde conseguiu contabilizar o pior desempenho de um candidato petista à gestão paulista desde 1998: ficou em terceiro lugar, com 3.888.584 votos, atrás de Paulo Skaf (PMDB) e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), reeleito no primeiro com 12.230.807 sufrágios. Foi a primeira vez em 16 anos que o PT não rivalizou diretamente com o PSDB na eleição em São Paulo.

Os números, além de influenciarem negativamente a campanha de Dilma, contribuíram para redução na bancada do PT paulista na Câmara Federal – seis deputados federais a menos – e no bloco da sigla na Assembleia Legislativa – queda de dez cadeiras.

Como consequência, o PT estadual colocou mais dois líderes para comandar a campanha no Estado: o presidente paulista do partido, Emidio de Souza, e Edinho Silva, ex-mandatário da sigla no maior colégio eleitoral do Brasil.

Neste segundo turno, Marinho intensificou campanha nas ruas. Tem abandonado com frequência o trabalho na Prefeitura para ir aos principais centros comerciais da cidade pedindo para eleitores votarem em Dilma no dia 26. 

Padilha vira cabo eleitoral de Dilma na região e quer voto marineiro

O PT estadual colocou justamente Alexandre Padilha como principal cabo eleitoral da presidente Dilma Rousseff no Grande ABC. O candidato derrotado ao governo do Estado inicia hoje série de atividades na região para pedir votos à postulante à reeleição.

“A eleição do segundo turno é completamente diferente. As motivações que levaram os eleitores às suas escolhas no primeiro foram outras”, afirmou Padilha. “Minha missão agora é conduzir atos direcionados, como o encontro com os nordestinos e a reunião com os intelectuais”, destacou.

Padilha afirmou que o objetivo no Grande ABC será absorver os votos de Marina Silva (PSB), candidata a presidente derrotada no primeiro turno. A socialista venceu em Mauá e registrou bons desempenhos em Santo André e São Bernardo. No segundo turno, decidiu apoiar Aécio. “É com esse público que precisamos conversar.”

O ex-ministro da Saúde negou qualquer mal-estar com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. “Quem lidera (a condução do projeto presidencial) é o Luiz Marinho, que é o coordenador no Estado. Fizemos reunião com prefeitos e ficou estabelecido que cada um vai procurar fazer o melhor em sua cidade e vai caber a mim acompanhar isso de perto.” <TL>