Uma das principais vias de ligação entre cidades do Grande ABC e a Capital, a Avenida dos Estados completou 100 anos no domingo. São aproximadamente 14 quilômetros de pistas, que ligam São Caetano a Mauá, passando também por Santo André, e chegam à Capital, mas com outras denominações. Apesar de sua importância, o corredor não recebe a atenção merecida por parte das prefeituras da região. São inúmeros os problemas ao longo de sua extensão.

A mais perceptível das falhas está no pavimento, repleto de buracos e ondulações resultantes da grande quantidade de remendos já feitos para corrigir o problema de forma paliativa. A situação é pior nas duas faixas da direita de ambos os sentidos, pois são mais utilizadas por caminhões. No trecho da via em São Caetano, praticamente não há sinalização horizontal. Sem as faixas no solo, os veículos perdem o referencial, o que pode ocasionar colisões laterais. Próximo ao Viaduto Cassaquera, em Santo André, na pista em direção a Mauá, não há calçadas.

O alto número de cruzamentos semaforizados demonstra o quanto a via é ultrapassada do ponto de vista estrutural. Ao longo de toda sua extensão, a avenida possui apenas duas pontes que transpõem o Rio Tamanduateí: uma em Santo André (Viaduto Adib Chammas) e outra no bairro Capuava, em Mauá. As demais intersecções, feitas por meio de pontilhões em nível, possuem sinais luminosos de espera, o que prejudica a fluidez.

O limite de velocidade – de 60 km/h em quase todo o corredor – não é respeitado. O veículo do Diário trafegou dentro do que é regulamentado e foi ultrapassado várias vezes. Em alguns pontos, é permitido o estacionamento na faixa da direita, o que aumenta o risco de acidentes.

Quem utiliza a avenida rotineiramente já se acostumou com os transtornos. “Vira e mexe tem obras por aqui, o que trava todo o trânsito. Deveria haver mais sinalizações sobre rotas alternativas”, sugere o distribuidor Gilberto Araújo, 42 anos. O frentista Antônio Severino de Souza, 52, sofre ainda mais, pois utiliza a bicicleta como meio de transporte. “De bike é ainda pior, pois tem muito buraco. Se não ficar atento, pode cair. Eu já caí aqui e quebrei o braço”, lembra.

O gerente comercial Genésio Rocha de Oliveira, 48, classifica a segurança viária como o maior dos problemas. “Há pouco tempo, um amigo meu foi fechado por um caminhão e acabou sendo jogado para a esquerda. O guard rail quebrou, ele caiu no rio e morreu”, lamenta.

HISTÓRIA

A constatação de que a avenida completou 100 anos no domingo foi feita depois de pesquisa do memorialista Ademir Medici, colunista do Diário. As consultas foram realizadas no setor de obras raras da Biblioteca Mário de Andrade. A data de inauguração se refere ao trecho paulistano da via, denominada Avenida do Estado, que liga a Zona Sul à Marginal do Tietê.

Sto.André projeta construção de pontes

A Prefeitura de Santo André tem projeto para construção de pontes em dois locais para transpor a Avenida dos Estados e o Rio Tamanduateí. Uma delas será a conclusão do Viaduto Adib Chammas, que liga o Centro ao 2º Subdistrito. A obra custará R$ 20 milhões e deve começar no primeiro semestre do ano que vem. O outro projeto é para construção de complexo viário sobre a rotatória do bairro Santa Terezinha. O investimento, também de R$ 20 milhões, depende de aprovação no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Para minimizar os problemas ao longo da via, as prefeituras de São Caetano e Mauá dizem fazer vistorias periódicas. Ambas prometem corrigir eventuais falhas constatadas.