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‘Dilma não tem argumentos e busca baixarias’, diz Morando
Renato GerbelliEspecial para o Diário
19/10/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) fez análise da corrida eleitoral para presidente entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, e afirmou que a petista não esperava subida do tucano no fim do segundo turno e agora está assustada. “A maior surpresa deles foi a arrancada na reta final do Aécio. O quadro ainda se agravou quando a primeira pesquisa do segundo turno apontou que Aécio estaria na frente. Isso criou um verdadeiro desespero”, afirmou Morando, em entrevista exclusiva ao Diário.

O deputado acredita que a candidata à reeleição está sem propostas para o Brasil e, por isso, está partindo para os ataques pessoais. “A Dilma não tem mais argumentos para discutir o Brasil. Quando se tem ausência de propostas, você parte para o campo pessoal. Esperamos campanha suja dos nossos adversários nesta última semana”, declarou.

 Morando também confia que Aécio vai abrir a vantagem sobre Dilma no Grande ABC. No primeiro turno, ele venceu em quatro das sete cidades da região e recebeu mais sufrágios no total. O tucano acredita em vitória em mais duas cidades. Outro local em que ele espera bom desempenho do presidenciável é Pernambuco, onde recebeu apoio de Renata Campos, viúva de Eduardo Campos (PSB, morto em agosto).

Deputado estadual eleito com 237.020 votos, Morando ainda falou sobre seu próximo mandato na Assembleia e desconversou sobre a provável candidatura a Prefeito de São Bernardo em 2016. “É vital o acompanhamento da obra do monotrilho para que ela seja executada dentro do prazo. Também defendo a construção de um hospital estadual de referência infantil no Grande ABC.”

Como o sr. analisa a eleição presidencial entre Aécio Neves e Dilma Rousseff nesta reta final?

O PT veio para eleição de salto alto desde o primeiro turno. Teve a surpresa da tragédia com o Eduardo Campos (PSB, morto em agosto), que mudou todo o cenário eleitoral. A maior surpresa deles, porém, foi a arrancada na reta final do Aécio. E o quadro se agravou para os petistas quando na primeira pesquisa do segundo turno Aécio apareceu na frente. Isso criou verdadeiro desespero. O cenário ainda piorou quando a Dilma não recebeu nenhum apoio novo no segundo turno. Ela está isolada.

Muito se fala do corte de investimentos no Grande ABC caso Aécio seja eleito. Como o sr. vê isso?

O que estamos vendo no Grande ABC é reflexo do que acontece no Brasil. Encontramos faixas na rua dizendo que, com Dilma, “isso continua” e, sem Dilma, “a cidade perde”. Hoje, a cidade perde com a Dilma. Perde emprego e desenvolvimento econômico, porque não está pagando os investimentos. Esse pacote do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que ela anunciou para Santo André e Rio Grande da Serra não foi pago nenhum centavo. Seguramente, com a gestão econômica que ela oferece para o Brasil, não será pago. Diferentemente do Aécio, que veio a São Bernardo afirmar que tem compromisso com a manutenção dos empregos na região, com o crescimento econômico do País e com a estabilização da moeda. Quem parou os projetos foram eles. Olha o que ela prometeu no Programa Minha Casa, Minha Vida e o que foi feito. É pífio. A candidata se desesperou no debate do SBT, baixou profundamente o nível. A Dilma não tem mais argumentos. Ela está acuada, constrangida e agora busca a baixaria.

O debate do SBT (realizado na quinta-feira) foi pautado por ataques dos dois lados. A estratégia agora é essa?

A nossa campanha é pautada em propostas. Agora, quem faz a campanha do medo é o PT. Vamos continuar desmentindo e intensificando a nossa ação. Estamos preparados para o que vier, não vamos nos curvar a ninguém. Mas do PT não duvido de nada. Em campanha, a mentira se propaga com extrema velocidade. E a campanha deles é a da mentira. A Dilma mente no debate e isso ficou provado. Nós, infelizmente, esperamos campanha suja dos nossos adversários nesta última semana.

 

O sr. vê os ataques pessoais como forma de baixar o nível do debate?

A Dilma não tem mais argumentos para discutir o Brasil e não consegue falar o que poderá fazer no País como presidente. Aliás, quem ouve a Dilma pensa que ela é candidata da oposição. Primeiro, ela tem a cara de pau de falar que é o governo da mudança. Quem está no governo vai continuar, e não mudar. Ela fala isso para tentar enganar o eleitor, mas acaba admitindo que o governo dela é péssimo. É a primeira vez na história do Brasil que o candidato à reeleição diz que vai se reeleger para mudar. Agora, vão partir para baixaria. Quando se tem ausência de propostas, você parte para o campo pessoal. O povo não é bobo e está imunizado desta baixaria praticada pelo PT.

O sr. acha que o resultado da eleição será apertado?

Não tem vitória de lavada para ninguém. O cenário está muito disputado. O Aécio não terá mais do que cinco pontos sobre a Dilma. Na minha avaliação, ele vencerá com dois ou três pontos percentuais de vantagem.

No primeiro turno, o Aécio venceu em São Bernardo, cidade berço do PT, e hoje comandada por Luiz Marinho (PT), que é coordenador de campanha da Dilma no Estado. Como o sr. avalia esse resultado?

O desempenho do PT em São Bernardo foi um dos piores possíveis para quem está no governo. Todos os candidatos a deputado (apoiados pelo Paço) foram mal votados. Os estaduais, os três juntos (Luiz Fernando, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, e Ana do Carmo), tiveram menos votos do que eu. O Vicentinho (PT) também perdeu de lavada do Alex Manente (PPS), que era o candidato da oposição. O Aécio ganhou, o Geraldo Alckmin (PSDB) ganhou e o José Serra (PSDB) ficou apenas 3.000 votos atrás do Eduardo Suplicy (PT). Foi vitória esmagadora, mas não trato de forma partidária. O eleitor é dono do seu voto. Ele vota em pessoas, no caráter, e não em partidos políticos.

A candidata Marina Silva obteve 404,5 mil votos no Grande ABC. Quantos desses votos poderão ser transferidos para Aécio?
Acredito veementemente que quem votou no Aécio e na Marina não queria a Dilma. Votou pela mudança. Naturalmente, no segundo turno, quem representa a mudança é o Aécio. Na própria sexta-feira, Marina fez pronunciamento ao lado do Aécio. Então ela faz parte do projeto. A Marina incorporou a mudança. Dizer que levaremos todos os eleitores dela seria arrogância, mas sem dúvida a maior parte do eleitor da Marina vai caminhar com o Aécio.

Então o sr. acha que o Aécio amplia a vantagem sobre a Dilmano Grande ABC?
Acredito que sim. Ele venceu em quatro cidades (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires) e temos chances de virar em outros municípios como Diadema, com o apoio do prefeito Lauro Michels (PV), e Rio Grande da Serra.

Que peso tem o apoio da Marina Silva e da Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, para a votação do Aécio no Nordeste?
Especialmente em Pernambuco, a Renata ainda tem o clamor da emoção da perda do Eduardo. Os dois (Aécio e Eduardo) nunca tiveram discussão. A amizade entre eles era de longa data e verdadeira. O pernambucano vê o espírito do Eduardo no Aécio. O Eduardo tinha o desejo de mudar. Ele rompeu com o governo, entregou ministério, porque ele também viu esse projeto do PT falir. Em Pernambuco, o Aécio, se não sair vitorioso, vai ficar muito perto da Dilma.

O sr. conquistou 237.020 votos na disputa para deputado estadual nesta eleição, foi o terceiro melhor colocado no Estado e o primeiro do Grande ABC. Essa votação expressiva o credencia para disputar a o pleito para prefeito em 2016?
Precisamos respeitar o eleitor. Sou muito grato pelos votos que recebi. Tenho dito que nunca fugi de nenhum desafio. Isso é avaliação a ser feita com o partido e, principalmente, com a sociedade. No momento oportuno faremos essa discussão. Mas estarei preparado.

Quais serão os projetos para próximo mandato de deputado estadual?
É vital o acompanhamento da obra do Metrô para que ela seja executada dentro do prazo. Também temos de avançar na Saúde da região. Acredito que é possível trazer mais um hospital estadual para o Grande ABC. Defendo a tese de que seja de referência infantil. A Segurança ainda é desafio, especialmente em São Caetano, que tem um corredor polonês na divisa com Heliópolis. Não podemos deixar a sociedade vulnerável àquilo. Vamos ter muito trabalho pela frente. Quero chegar perto da perfeição para corresponder à confiança que a população colocou em mim nas urnas.

A Linha 18-Bronze do Metrô, quando finalizada, será muito importante para desafogar o trânsito da região. Em que pé estão as obras?

A licitação foi feita neste ano. O processo foi aberto em janeiro e teve interrupção do Tribunal de Contas do Estado. O governador (Alckmin) tirou a licitação, publicou nova e o contrato foi assinado em junho. Hoje estão sendo feitas as desapropriações. As obras físicas começam a partir de janeiro ou fevereiro de 2015. A previsão é que tudo fique pronto até 2018. 




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