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Hábitos saudáveis evitam depressão na terceira idade

Reunidos em congresso que ocorre em Brasília, especialistas apontam relação do problema com doenças cardíacas e diabetes

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
18/10/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Alimentação adequada, sono perfeito e visitas preventivas ao médico. Esses são hábitos que, se tomados desde a juventude, ajudam a garantir uma velhice sem os tradicionais problemas de Saúde comuns à terceira idade. Entretanto, especialistas garantem que quem leva uma vida saudável também tem menos chances de desenvolver depressão depois dos 60 anos.

Há relação deste transtorno mental com doenças cardíacas e diabetes. O assunto foi debatido ontem no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado em Brasília pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Segundo a professora Valeska Marinho, do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), entre os pacientes hospitalizados com eventos coronarianos, de 30% a 50% têm sintomas depressivos. Entre os que apresentam depressão em graus mais elevados, a taxa é de 15% a 20%. “Há o entendimento de que o coração é parte da alma. Essa é uma das explicações para essa relação”, explica. Além disso, fatores de vulnerabilidade em geral também colaboram para a piora deste quadro clínico.

“A depressão em pacientes com doenças cardíacas é comum, persistente e subnotificada. O problema é sério, pois o risco de mortalidade por todas as causas (ligadas à Cardiologia) tem aumento de 2,4 vezes em portadores desse transtorno”, acrescenta.

A comorbidade entre depressão e diabetes foi apontada em 4% dos 3.000 idosos avaliados em estudo publicado pelo Journal of Affective Disorders. Apesar de o percentual ser baixo, o dado é alarmante, conforme explica o médico Sérgio Blay, professor associado ao Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). “As pessoas com esse tipo de comorbidade morrem muito mais do que os que não a têm. Por isso, o grupo mais idoso deve receber prioridade para detecção e tratamento da depressão”, alerta.

Blay também aponta relação entre a depressão e a doença de Parkinson. “Até 70% dos portadores têm ansiedade ou depressão. Esse é um problema frequente nesse segmento da população.”

O repórter viajou a convite da ABP

Insônia dobra chances de risco depressivo em idosos

Distúrbios do sono estão entre as principais causas de depressão na população idosa. De acordo com o médico Carlos Clayton Torres Aguiar, do departamento de Psiquiatria Geriátrica da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a insônia aumenta em duas vezes o risco depressivo na terceira idade.

“Os idosos praticamente não têm as fases mais profundas do sono. Com isso, não conseguem relaxar e já acordam cansados”, explica Aguiar. O quadro, observado com a evolução da idade é provocado por alterações fisiológicas, segundo o especialista.

Na visão do psiquiatra, o problema é que, com o passar dos anos, o paciente tem mais chances de apresentar alguma dificuldade na hora de dormir. “No Brasil, 32,8% da população têm apneia do sono (quando as vias aéreas são obstruídas por um curto espaço de tempo enquanto a pessoa dorme e ocorre o popular ronco). Dos que têm de 60 a 69 anos, a prevalência sobe para 60,2%. Dos 70 aos 80 anos, é ainda maior: 86,9%.”

Estudos norte-americanos indicam que 41% dos portadores de depressão já tiveram insônia, enquanto 29,4% tinham esse problema durante a realização da pesquisa. 




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