Engraçada e alto-astral, a comédia foi aplaudida em cena aberta várias vezes. No fim, aplausos confirmaram que o alvo do diretor havia sido atingido. "Quero que, depois de algum tempo, vocês esqueçam que eles são downianos, e os vejam como jovens como outros quaisquer", disse ele na apresentação.
Um dos rapazes, interpretado por Ariel Goldenberg, é cinéfilo, pretexto para encher o filme de referências cinematográficas, que vão de Hitchcock a Fellini, passando por Tarantino a Fernando Meirelles. Não são artificiais. Encaixam na narrativa e divertem quem gosta de cinema.
Com trilha sonora composta por músicas de Raul Seixas, consegue completar, de forma ficcional, o trabalho já iniciado pelo documentário "Do Luto à Luta", de Evaldo Mocarzel: fazer com que o público enxergue os downianos como pessoas como as outras, com seus conflitos, alegrias, sonhos e fraquezas. O casal de protagonistas, Ariel Goldenberg e Rita Pokk, havia participado do documentário de Mocarzel.
O segredo do filme é tratar os personagens de maneira desdramatizada, evitando transformá-los em coitadinhos. São confrontados a situações cruas, cheias de preconceitos e reagem à altura. "O forte do filme é esse humor meio negro. A gente usa os termos politicamente incorretos, como forma de denunciar os preconceitos mesmo", diz o diretor Marcelo Galvão.
Outro concorrente brasileiro apresentado foi o gaúcho "Insônia", de Beto Souza, uma comédia romântica que mescla adolescentes e adultos. É a história de Claudia, garota de 15 anos, filha de pai argentino que veio morar no Brasil. Ela perdeu a mãe quando criança e tem dificuldades de relacionamento. Comunica-se no chat com um personagem cujo nickname é Insônia, daí o título. A vida de todos muda de figura quando entra em cena Déia, interpretada por Luana Piovani. A mostra competitiva de longas estrangeiros prosseguiu com "Diez Veces Venceremos", de Cristian Jure (Argentina), e "Leontina", de Boris Peters. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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