Chegar ao Aeroporto de Congonhas utilizando o transporte público ficou ainda mais difícil. Na semana passada, a empresa Publix reduziu o número de veículos da linha 470, o que diminuiu a quantidade de viagens e aumentou o tempo de espera. O itinerário liga o bairro Cidade São Jorge, em Santo André, ao terminal aéreo, passando também por São Caetano.

Agora, os usuários têm à disposição nove viagens diárias em direção à Capital e oito no retorno ao Grande ABC. A linha não funciona mais aos fins de semana e feriados. Outro problema é o grande intervalo entre o fim do período da manhã e o início da tarde. Após a partida do ônibus das 9h em direção ao aeroporto, o próximo percurso só é feito às 15h. A última saída de Santo André passou a ser às 18h20, enquanto a de Congonhas é às 20h.

Antes da mudança, a última viagem em ambos os sentidos era às 22h30. Ainda assim, o horário era incompatível com o do aeroporto, que funciona das 6h às 23h.

Segundo passageiros, a alteração foi feita sem aviso prévio. No site da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), ainda constam os horários antigos. No interior do coletivo, também não havia alertas. "Um amigo meu, que é comissário, quase perdeu o voo, pois não sabia da mudança" conta a aeromoça Paula Lana, 28 anos. A funcionária afirma que, agora, depende de carona para chegar ao trabalho, caso não queira pagar a mais pelo táxi ou veículo particular. "Vou gastar, no mínimo, R$ 350", lamenta.

Funcionária de uma companhia aérea, a auxiliar administrativa Bernardete Freitas, 44, utiliza a linha há 5 anos. Sem a certeza de que vai conseguir embarcar, passou a usar rotas alternativas, com dois ônibus e um metrô. "O horário é aleatório. Nem sempre passa na hora programada. Não podemos ficar esperando tanto tempo."
Pelo serviço de atendimento ao cliente, a Publix informa que diminuiu a frequência após pedido da EMTU. O motivo seria a baixa demanda. O Diário procurou a empresa para comentar o assunto, mas não foi encontrado porta-voz para falar. A EMTU não confirma a versão dada pela operadora (leia mais na reportagem ao lado).

"Como não tem demanda, se todos os dias eu faço a viagem em pé, na escada, por conta do excesso de gente?", questiona a agente de viagens Monique Rocha Ferreira, 25. Na terça-feira, a equipe do Diário utilizou a linha no horário de pico e constatou que é grande a quantidade de reclamações. Por volta das 19h, havia passageiros em pé, o que é inadequado para veículos com padrão rodoviário. Ao contrário dos coletivos urbanos, os ônibus para o aeroporto não têm barras de apoio, o que expõe os usuários a riscos de queda. Outra reclamação é que os veículos grandes foram trocados por micro-ônibus.

EMTU cobra esclarecimentos sobre diminuição do serviço

A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), gerenciadora das linhas intermunicipais em toda a Grande São Paulo, diz ter convocado a operadora Publix para prestar esclarecimentos sobre a alteração das partidas e funcionamento do serviço sem autorização. A EMTU informa que, a pedido da Publix, estuda a "reprogramação horária da linha e de mudança de trajeto". Segundo a empresa, as alterações serão feitas "com base no desejo de viagem dos usuários e número de passageiros que utilizam a linha".

A gerenciadora informa ainda que a Public foi notificada a cumprir rigorosamente a programação estabelecida na Ordem de Serviço, que define a realização de 42 viagens nos dias úteis e 33 aos sábados e domingos. A EMTU promete intensificar a fiscalização.